A
NOITE FANTÁSTICA
(La
nuit fantastique)
França,
1942, 103 minutos. Direção de Marcel L'Herbier. Com: Fernand Gravey, Micheline
Presle, Saturnin Fabre, Charles Granval, Bernard Blier, Marcel Levesque.
Sinopse: Jovem empregado
de uma mercearia sonha todas as noites com uma misteriosa mulher de branco;
apaixona-se por ela e termina entrando no próprio sonho.
Comentários: Enquanto esteve
sob ocupação nazista, a França produziu uma infinidade de filmes que, se não
podem exatamente ser classificados como “cinema de resistência”, já que não
havia neles qualquer mensagem de defesa dos valores pátrios contra o invasor
estrangeiro, eram sem dúvida o típico cinema de fruição, feito para um país em
guerra, cuja finalidade maior era distrair a população dos dramas reais,
dando-lhe a oportunidade de sonhar e se divertir diante da tela. Nenhuma
novidade nisso, já que os norte-americanos usavam igual artifício no mesmo
período, a época de ouro dos musicais hollywoodianos.
Este
aqui é um bom exemplar do que se produziu naquele tempo em terras européias. Denis
é um jovem empregado de uma mercearia que se apaixona pela dama que aparece de
forma recorrente em seus sonhos, invade o próprio universo onírico e vai se
encontrar com ela, uma idéia que pode ter servido de inspiração a Woody Allen
anos depois, quando rodou A rosa púrpura
do Cairo, com a diferença de que lá a história tinha como ponto de partida
o cinema. Depois que entra no próprio sonho, Denis passa a interagir com os
demais personagens e acaba vivendo uma aventura, como diz o título, fantástica.
A
história é narrada como se fosse de fato um sonho a que estejamos assistindo, e
essa impressão é realçada pela concepção visual, por meio de cenários enevoados
e uma fotografia que brinca o tempo todo com o jogo de luzes e sombras, aliás,
dois elementos comuns do filme noir, que também começava a ganhar força nos
EUA.
O
elenco é eficiente, mas composto de nomes pouco conhecidos, exceção talvez para
Bernard Blier, que se tornaria razoavelmente famoso graças à sua prolífica
carreira de quase 200 filmes (morreu em 1989), alguns muito festejados, como A grande guerra (1959), Loiro alto de sapato preto (1972), Meus caros amigos (1975) e Coquetel de assassinos (1979). Destaque também para Micheline Presle, a dama
sonhada, ainda na ativa aos 92 anos, com mais de 180 créditos na carreira. É um
filme com bons diálogos, engraçado e com um final apropriadamente romântico.
Merecia ser conhecido do grande público. E de alguma distribuidora de DVD, que
nunca o descobriu.
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O CineComFritas entra em recesso a partir de hoje. Estarei de volta dia 8 de janeiro, com as aguardadas listas dos melhores e piores filmes de 2014. Até lá!