quarta-feira, 28 de abril de 2010

Croniquinha cinéfila

Minha vida em preto e branco. Menino maluquinho, estranho no ninho, o vento me levou até o mágico de Oz. Iluminado, tive um simples desejo: quero ser grande! E a vida continua... Setembro, outubro, doce novembro, encontros e desencontros entre café e cigarros, comer, beber, viver. Viver! Faça a coisa certa. Ao balanço das horas, veio o fogo da paixão: Sabrina, uma bonequinha de luxo. Foi uma loucura de casamento. Em Casablanca, lua-de-mel e amendoim. Os frutos da paixão: Fando e Lis. Mas o pecado mora ao lado: Lolita, um show de vizinha. Trilhei caminhos perigosos e acabou-se a doce vida. Terminei encurralado, cantando na chuva, ao brilho eterno de uma mente sem lembranças. História real. Meu nome é Joe e esta é minha vida sem mim. Adeus, meninos!


O texto acima foi usado por mim em um concurso cultural do qual participei ano passado na internet. Evidentemente não ganhou, não só porque fugia bastante à proposta do concurso, mas também, e sobretudo, por não ser um bom texto, algo incoerente em sua essência. Só vale mesmo pela brincadeira cinéfila e pelo desafio a que me impus de conseguir compor uma historinha usando apenas nomes de filmes, famosos ou não. Deixei essa croniquinha, como a chamei, na gaveta por um bom tempo e resolvi externá-la agora para marcar, com um pouco de atraso, o primeiro aniversário deste blog – meu Deus, como o tempo passa! E como será que consegui manter este espaço sem obter qualquer repercussão? Teimosia, decerto. Enfim, a postagem de hoje estabelece uma nova identidade para o blog, no qual passarei a alternar críticas de cinema com textos ficcionais, nem sempre relacionados à Sétima Arte, embora seja de minha idéia manter a linha de publicação. É uma tentativa de oxigenar o espaço e, ao mesmo tempo, retomar minha produção literária, que anda meio esquecida e abandonada por conta de tantos afazeres profissionais e pessoais. Como sempre, críticas e sugestões são bem-vindas a quem quiser ou se interessar em enviá-las.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sessão suspensa

Por motivos pessoais, não será feita a atualização do blog esta semana. Contamos com vossa compreensão.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Depois do Oscar, o Oscarito - II

Como fiz na época do Oscar, relaciono a seguir meus palpites e apostas para os premiados no Grande Prêmio Cinema Brasil. O Grande Otelo será entregue no dia 8 de junho, em cerimônia no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, e será transmitido pelo Canal Brasil e pela TV Brasil.

FILME
Se no Oscar meu favorito não ganha há cinco anos, aqui a história vai ser diferente. À deriva, de Heitor Dhalia, sairá vencedor, a despeito da forte concorrência comercial que o cerca.

DIRETOR
Daniel Filho é o diretor do filme de maior público da retomada, Se eu fosse você 2, e caminha para novo recorde nos cinemas com Chico Xavier, atualmente em cartaz. O Grande Otelo servirá como reconhecimento e agradecimento da, vá lá, “indústria brasileira de cinema” ao seu esforço para resgatar o público da produção nacional.

ATOR
Daniel de Oliveira, que já levou o Grande Otelo em 2005 por Cazuza – o tempo não pára, bis ao feito este ano, por A festa da menina morta.

ATRIZ
O fraco Verônica já rendeu a Andréa Beltrão o ACIE de Atriz na semana passada, e aqui vai lhe conferir o Grande Otelo da categoria.

ATOR COADJUVANTE
Gero Camilo ganha por sua atuação em Hotel Atlântico.

ATRIZ COADJUVANTE
Se tem Dira Paes na disputa, é covardia. A onipresente musa do cinema brasileiro ganha por A festa da menina morta.

ROTEIRO ORIGINAL
Mais um Grande Otelo para A festa da menina morta. Porém, É proibido fumar pode surpreender.

ROTEIRO ADAPTADO
Com 11 indicações, é de imaginar que Tempos de paz saia vencedor em pelo menos uma categoria, e isso deve acontecer aqui.

FILME INFANTIL
Só pode ser Xuxa e o mistério de Feiurinha, já que o outro concorrente é um desenho...

FILME DE ANIMAÇÃO
... que logicamente será o premiado aqui: Grilo feliz e os insetos gigantes.

FILME ESTRANGEIRO
Ainda cegos pelas novidades técnicas de Avatar, os membros da Academia Brasileira de Cinema conferirão a James Cameron o Grande Otelo da categoria. Dos indicados, porém, é o mais fraco em termos de roteiro e dramaturgia. Será que o ex-dono do mundo virá ao Brasil para receber seu troféu?

DOCUMENTÁRIO
Simonal – ninguém sabe o duro que dei ganha uma disputa acirrada pela alta qualidade de seus concorrentes.

DIREÇÃO DE ARTE
Outro Grande Otelo para Tempos de paz.

FOTOGRAFIA
Com o mestre Walter Carvalho no páreo, o prêmio vai para A erva do rato, que conta com sua assinatura.

FIGURINOS
Outro prêmio para Tempos de paz.

MAQUIAGEM
Qualquer filme que deixe Luana Piovani feia, mesmo que por apenas uma cena, merecia ganhar o prêmio. Portanto, o favorito é A mulher invisível, mas minha aposta é em Um lobisomem na Amazônia.

EFEITOS ESPECIAIS / VISUAIS
Com cenas de luta à la O tigre e o dragão, Besouro fatura nesta categoria.

SOM
Mais um prêmio para Besouro.

TRILHA SONORA
Três fortes concorrentes na disputa: Coração vagabundo, Titãs – a vida até parece uma festa e Herbert de perto. Fico com o primeiro.

TRILHA SONORA ORIGINAL
É sempre um prazer ouvir novamente, reunidos, grandes sucessos de Wilson Simonal. Grande Otelo para Simonal – ninguém sabe o duro que dei, cuja trilha originou inúmeros CDs e festas temáticas.

MONTAGEM
Outro prêmio para À deriva.

MONTAGEM DE DOCUMENTÁRIO
Aqui Simonal... perde para Loki – Arnaldo Baptista.

CURTAS-METRAGENS
Booker Pittman leva como melhor curta e De volta ao quarto 666, como melhor documentário curto. Já o sensível A princesa e o violinista fatura como melhor animação.

No Oscar, foram 15 acertos em 24 palpites; quantos serão aqui?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Depois do Oscar, o Oscarito - I

Muita gente desconhece, mas o Brasil também tem a sua versão do Oscar. O Grande Prêmio Cinema Brasil já divulgou os finalistas de suas 25 categorias. Os vencedores recebem o Troféu Grande Otelo, mas o nome mais apropriado seria, talvez, Troféu Oscarito: estaria mantida a homenagem e seria uma forma de popularizar mais o prêmio, mesmo que pelo viés da brincadeira.

Não foi um bom ano para o cinema brasileiro. Isso se evidencia nos indicados a melhor filme, quase todos de perfil francamente comercial, e sem maiores qualidades artísticas ou estéticas. Sempre tomando o Oscar como referência, são três os favoritos, cada um com nove indicações: a desnecessária continuação Se eu fosse você 2, o pavoroso A mulher invisível – ou seja, dois campeões de bilheteria, o que prova que sucesso comercial não é mesmo parâmetro de qualidade – e o delicado À deriva, de Heitor Dhalia, meu favorito, que, a despeito da forte concorrência, tem boas chances – a história do prêmio registra vitórias que podem ser consideradas surpreendentes, como em 2008, quando O ano em que meus pais saíram de férias bateu o grande favorito Tropa de elite. Completam a lista outras duas comédias: É proibido fumar, de Anna Muylaert (o único a chegar amparado por algum prêmio mais importante, no caso o último Festival de Brasília e o prêmio da ACIE), com seis indicações, e Divã, com cinco.

Curiosamente, o recordista em indicações ficou de fora da disputa pelo prêmio principal: Tempos de paz, de Daniel Filho, recebeu 11 nomeações, incluindo diretor e ator (para Tony Ramos, que também concorre por Se eu fosse você 2), e uma que, pessoalmente, acho ainda estranha ao cinema brasileiro, a de Efeitos Especiais (ou Visuais, como queiram). Outra curiosidade: Salve geral, o representante brasileiro na disputa por uma vaga ao Oscar de Filme Estrangeiro, foi esquecido aqui também e somente conseguiu quatro indicações. Outros trabalhos mais autorais também foram esquecidos na categoria principal, como A festa da menina morta, estréia do ator Matheus Nachtergaele na direção e eleito melhor filme do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), que concorre em quatro frentes: Ator (Daniel de Oliveira), Atriz Coadjuvante (Dira Paes), Roteiro Original e Maquiagem. Como é difícil fazer cinema no Brasil, o Grande Otelo acaba protagonizando algumas situações inusitadas. Pela ausência de uma produção segmentada de filmes de animação no país, o único indicado da categoria, O Grilo Feliz e os insetos gigantes, teve sua nomeação disfarçada de menção honrosa, para diminuir o constrangimento. Mas acabou saindo pior a emenda que o soneto, porque o desenho, também indicado a Melhor Filme Infantil, deixa a área livre para a premiação de outro produto descartável e francamente comercial, Xuxa e o mistério de Feiurinha, comprovando que bilheteria é mesmo credencial de qualidade no cinema nacional.

Mas nem tudo são esquisitices no Grande Otelo. O melhor filme brasileiro de 2009, Simonal – ninguém sabe o duro que dei, está devidamente representado em quatro categorias: Documentário, Montagem de Documentário (uma dessas extravagâncias que a gente só encontra aqui), Som e Trilha Sonora. Deve ganhar como doc, mas a concorrência é acirrada: também estão no páreo Loki – Arnaldo Baptista, Cidadão Boilesen, Palavra (en)cantada e os menos festejados Alô alô Teresinha e Waldick – sempre no meu coração. E há também, claro, os indicados a Filme Estrangeiro (aqui, sim, pode-se usar esta nomenclatura de maneira correta!), que traz Avatar, Gran Torino e Quem quer ser um milionário? na disputa.

Confira abaixo a relação completa dos indicados.

FILME
À deriva
A mulher invisível
Se eu fosse você 2
É proibido fumar
Divã

DIRETOR
Heitor Dhalia (À deriva)
Cláudio Torres (A mulher invisível)
Daniel Filho (Se eu fosse você 2 e Tempos de paz)
Anna Muylaert (É proibido fumar)

ATOR
Selton Mello (A mulher invisível e Jean Charles)
Tony Ramos (Se eu fosse você 2 e Tempos de paz)
Dan Stulbach (Tempos de paz)
Daniel de Oliveira (A festa da menina morta)

ATRIZ
Débora Bloch (À deriva)
Glória Pires (Se eu fosse você 2 e É proibido fumar)
Lília Cabral (Divã)
Andrea Beltrão (Verônica)

ATOR COADJUVANTE
Vladimir Brichta (A mulher invisível)
Ary Fontoura (Se eu fosse você 2)
Cássio Gabus Mendes (Se eu fosse você 2)
Chico Diaz (O contador de histórias)
Gero Camilo (Hotel Atlântico)

ATRIZ COADJUVANTE
Fernanda Torres (A mulher invisível)
Denise Weinberg (Salve geral)
Dira Paes (A festa da menina morta)
Drica Moraes (Os normais 2 - A noite mais maluca de todas)
Leandra Leal (Se nada mais der certo)

ROTEIRO ORIGINAL
A mulher invisível
Se eu fosse você 2
É proibido fumar
A festa da menina morta
O contador de histórias

ROTEIRO ADAPTADO
Divã
Tempos de paz
Budapeste
Hotel Atlântico
Bela noite para voar

FILME INFANTIL
Grilo feliz e os insetos gigantes
Xuxa e o mistério de Feiurinha

FILME DE ANIMAÇÃO (menção honrosa)
Grilo feliz e os insetos gigantes

FILME ESTRANGEIRO
Avatar (EUA)
Bastardos inglórios (EUA)
Gran Torino (EUA)
Milk - a voz da igualdade (EUA)
Quem quer ser um milionário? (EUA)

DOCUMENTÁRIO
Simonal - ninguém sabe o duro que dei
Loki - Arnaldo Baptista
Palavra (en)cantada
Alô alô Terezinha
Cidadão Boilesen
Waldick, sempre no meu coração

DIREÇÃO DE ARTE
À deriva
Tempos de paz
Besouro
Budapeste
Salve geral

FOTOGRAFIA
À deriva
Tempos de paz
Budapeste
O contador de histórias
A erva do rato

FIGURINOS
À deriva
A mulher invisível
Tempos de paz
Besouro
Budapeste

MAQUIAGEM
A mulher invisível
Tempos de paz
Besouro
Salve geral
A festa da menina morta
Um lobisomem na Amazônia

EFEITOS ESPECIAIS / VISUAIS
À deriva
Se eu fosse você 2
Tempos de paz
Besouro
Salve geral

SOM
À deriva
Besouro
Simonal - ninguém sabe o duro que dei
Loki - Arnaldo Baptista
Budapeste

TRILHA SONORA
É proibido fumar
Divã
Titãs, a vida até parece uma festa
Coração vagabundo
Herbert de perto

TRILHA SONORA ORIGINAL
Tempos de paz
Simonal - ninguém sabe o duro que dei
Loki - Arnaldo Baptista
Budapeste
O contador de histórias

MONTAGEM
À deriva
A mulher invisível
Se eu fosse você 2
É proibido fumar
Divã
Tempos de paz
Besouro

MONTAGEM DE DOCUMENTÁRIO
Simonal - ninguém sabe o duro que dei
Loki - Arnaldo Baptista
Titãs, a vida até parece uma festa
Palavra (en)cantada
Garapa

CURTA-METRAGEM
Booker Pittman
Cedro do Líbano
Distração de Ivan
Elo
Ô
Superbarroco

DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM
Arquitetura do corpo
De volta ao quarto 666
Nós somos um poema
Olhos de ressaca
Sweet Karolynne

CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
O anão que virou gigante
Divino, de repente
Juro que vi: o saci
O menino que plantava invernos
A princesa e o violinista