Chegou ao fim no domingo (nos EUA; aqui no Brasil, ontem) a série mais influente e comentada dos últimos anos. Após seis emocionantes temporadas, todos (ou quase todos) os mistérios de Lost foram revelados. Todas as teorias foram desfeitas. Todas as especulações caíram por terra ante as explicações que motivavam os personagens. E agora? Agora, é encarar o mundo sem Lost.
A série não apenas entrou para a história da televisão como uma das mais bem sucedidas de todos os tempos. Foi um verdadeiro divisor de águas no universo das telesséries, introduzindo diversos elementos que, aos poucos, foram se tornando regulares em outras produções do gênero. O clima constante de mistério, por exemplo, e as inúmeras variações em torno do que seria ou representaria a ilha em que os personagens ficaram confinados se transformaram em ícones da criatividade, frutos da mente de J.J.Abrahms, hoje um reconhecido criador de histórias, já se aventurando pelo cinema (é dele o roteiro de Missão impossível III). Graças a essa fartura de idéias, a série conseguiu evitar um problema comum às produções similares: a repetição de temas. Cada novo episódio trazia uma informação diferente, que completava o que havia sido visto antes, ou, em muitos casos, ao contrário, negava o que já se dissera e lançava dados novos, que ajudavam a compreender a história como um todo. É verdade que houve um momento, entre a terceira e a quarta temporadas, em que cheguei a me cansar com tanta indefinição, a trama avançava e parecia não caminhar para lugar algum. Novos personagens surgiam, novos mistérios eram propostos – e resposta, que é bom, nada! Mas não se acompanha uma série como Lost apenas até a metade. Quem começou a assistir ia querer saber o que viria depois.
Lost foi a série que me apresentou ao universo das séries. Antes, eu não me ligava e nem fazia idéia de como era a estrutura do gênero – certo, houve Twin Peaks muitos anos atrás, mas, na época, eu não tinha noção de muita coisa. Acompanhei Lost desde o pioneiro episódio piloto, apresentado pela Globo no verão de 2006, numa sessão especial do Domingo Maior – há anos a emissora não promovia tanto uma produção estrangeira. Foram três anos varando as madrugadas para assistir aos capítulos na tevê aberta, sempre no começo do ano. Depois, migrei para a TV a cabo, onde pude seguir as seguintes três temporadas. Por conta própria, eu tentava desvendar os mistérios da ilha, e de propósito evitava ler sobre a série na internet, com medo de que vazasse alguma informação relevante e as surpresas acabassem. Ou seja, fui e sou uma espécie de “fã torto”, já que não queria saber das revelações antes da hora. Uma de minhas teorias, de certa forma, provou-se acertada: a ilha era um local em que as pessoas expurgavam seus pecados para que se transformassem em seres humanos melhores, sempre depois de superarem algum desafio pessoal. Muitas outras ficaram pelo caminho. Apesar de a cena final comprovar minha teoria inicial, a que formulei desde a primeira cena do episódio piloto.
O elenco da série foi um achado. Dificilmente conseguiremos olhar para os mesmos atores sem relacioná-los aos personagens interpretados na ilha. Matthew Fox já faz carreira no cinema (esteve em Ponto de vista, Speed Racer e Somos Marshall), mas alguém não verá o Dr. Jack Shephard quando vir o ator na tela? Michael Emerson se livrará da sombra de Benjamin Linus, por mais novos vilões que venha a interpretar? O gordo e bonachão Jorge García, talvez o mais simpático da turma, está marcado para sempre como o inesquecível Hugo Reyes. E o veterano Terry O’Quinn encontrou, com o seu enigmático John Locke – que, desde o começo, sempre me pareceu ser aquele com a ligação mais estreita com a ilha, o verdadeiro depositário de todos os segredos do lugar – , o papel de sua vida, o marco de uma carreira que, até então, se arrastava na obscuridade. Até então, seu personagem mais lembrado era o psicopata de um pequeno e modesto filme, O padrasto, que alcançou relativo sucesso no mercado de home vídeo no final dos anos 80. E muitos outros nomes que se tornaram mais conhecidos a partir de sua participação na série: Emilie de Ravin, Ian Somerhalder, Evangeline Lilly (que fez ponta em Guerra ao terror), Naveen Andrews. Repare que você pode encontrá-los em alguma produção, às vezes com certo destaque, lançada de 2004 para cá.
O jeito, agora, é adquirir todos os boxes da série e rever Lost com calma, fazendo anotações, atentando para detalhes que escaparam à primeira vista, e tentar não encaixar o quebra-cabeças que enfim foi montado, mas descobrir novos elementos filosóficos que compuseram o enredo da série.
Não sei quanto a vocês. Eu já estou com saudades. E agora, como ficam os meus começos de ano?
A série não apenas entrou para a história da televisão como uma das mais bem sucedidas de todos os tempos. Foi um verdadeiro divisor de águas no universo das telesséries, introduzindo diversos elementos que, aos poucos, foram se tornando regulares em outras produções do gênero. O clima constante de mistério, por exemplo, e as inúmeras variações em torno do que seria ou representaria a ilha em que os personagens ficaram confinados se transformaram em ícones da criatividade, frutos da mente de J.J.Abrahms, hoje um reconhecido criador de histórias, já se aventurando pelo cinema (é dele o roteiro de Missão impossível III). Graças a essa fartura de idéias, a série conseguiu evitar um problema comum às produções similares: a repetição de temas. Cada novo episódio trazia uma informação diferente, que completava o que havia sido visto antes, ou, em muitos casos, ao contrário, negava o que já se dissera e lançava dados novos, que ajudavam a compreender a história como um todo. É verdade que houve um momento, entre a terceira e a quarta temporadas, em que cheguei a me cansar com tanta indefinição, a trama avançava e parecia não caminhar para lugar algum. Novos personagens surgiam, novos mistérios eram propostos – e resposta, que é bom, nada! Mas não se acompanha uma série como Lost apenas até a metade. Quem começou a assistir ia querer saber o que viria depois.
Lost foi a série que me apresentou ao universo das séries. Antes, eu não me ligava e nem fazia idéia de como era a estrutura do gênero – certo, houve Twin Peaks muitos anos atrás, mas, na época, eu não tinha noção de muita coisa. Acompanhei Lost desde o pioneiro episódio piloto, apresentado pela Globo no verão de 2006, numa sessão especial do Domingo Maior – há anos a emissora não promovia tanto uma produção estrangeira. Foram três anos varando as madrugadas para assistir aos capítulos na tevê aberta, sempre no começo do ano. Depois, migrei para a TV a cabo, onde pude seguir as seguintes três temporadas. Por conta própria, eu tentava desvendar os mistérios da ilha, e de propósito evitava ler sobre a série na internet, com medo de que vazasse alguma informação relevante e as surpresas acabassem. Ou seja, fui e sou uma espécie de “fã torto”, já que não queria saber das revelações antes da hora. Uma de minhas teorias, de certa forma, provou-se acertada: a ilha era um local em que as pessoas expurgavam seus pecados para que se transformassem em seres humanos melhores, sempre depois de superarem algum desafio pessoal. Muitas outras ficaram pelo caminho. Apesar de a cena final comprovar minha teoria inicial, a que formulei desde a primeira cena do episódio piloto.
O elenco da série foi um achado. Dificilmente conseguiremos olhar para os mesmos atores sem relacioná-los aos personagens interpretados na ilha. Matthew Fox já faz carreira no cinema (esteve em Ponto de vista, Speed Racer e Somos Marshall), mas alguém não verá o Dr. Jack Shephard quando vir o ator na tela? Michael Emerson se livrará da sombra de Benjamin Linus, por mais novos vilões que venha a interpretar? O gordo e bonachão Jorge García, talvez o mais simpático da turma, está marcado para sempre como o inesquecível Hugo Reyes. E o veterano Terry O’Quinn encontrou, com o seu enigmático John Locke – que, desde o começo, sempre me pareceu ser aquele com a ligação mais estreita com a ilha, o verdadeiro depositário de todos os segredos do lugar – , o papel de sua vida, o marco de uma carreira que, até então, se arrastava na obscuridade. Até então, seu personagem mais lembrado era o psicopata de um pequeno e modesto filme, O padrasto, que alcançou relativo sucesso no mercado de home vídeo no final dos anos 80. E muitos outros nomes que se tornaram mais conhecidos a partir de sua participação na série: Emilie de Ravin, Ian Somerhalder, Evangeline Lilly (que fez ponta em Guerra ao terror), Naveen Andrews. Repare que você pode encontrá-los em alguma produção, às vezes com certo destaque, lançada de 2004 para cá.
O jeito, agora, é adquirir todos os boxes da série e rever Lost com calma, fazendo anotações, atentando para detalhes que escaparam à primeira vista, e tentar não encaixar o quebra-cabeças que enfim foi montado, mas descobrir novos elementos filosóficos que compuseram o enredo da série.