quarta-feira, 12 de maio de 2010

Duas rapidinhas

A ERA DO GELO 3 – Dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha, esta terceira aventura dos amigos Syd, Manny e Diego foi campeã de bilheteria no país, com mais de inacreditáveis 6 milhões de espectadores. Só mesmo o atrativo de ter um cineasta patrício por trás do projeto e o carisma dos personagens podem explicar tamanha resposta popular. É verdade que a técnica de animação chegou a um nível excepcional, sobretudo nos detalhes (visualmente, é o mais bem sucedido da série). Nesse sentido, tinha tudo para se tornar verdadeiramente memorável. Infelizmente, o roteiro é muito fraco e não acompanha a qualidade da animação. Aqui, a trama praticamente se esgota nos primeiros 20 minutos de filme. Nesse tempo, acompanhamos o mamute Manny às portas de se tornar pai, já que sua companheira Elly (com quem se casou no final do episódio anterior) está grávida. Isso faz com que os instintos paternais de Syd sejam despertados, e ganham força quando ele encontra três ovos de dinossauro em um ninho aparentemente abandonado. Mas é claro que a mãe biológica vai atrás para resgatar seus filhotes. Daí para diante, acabou-se a história e o que se vê então é uma série de peripécias vividas pelos bichos, com ênfase maior em Syd e Manny, enquanto o tigre Diego pouco tem a fazer e é quase relegado a um constrangedor segundo plano. Como não há mais a contar, o jeito é inventar várias aventuras que vão se encadeando para preencher a metragem, que nem é longa, pouco mais de 80 minutos. O filme só não desanda completamente graças à altíssima qualidade da animação e às boas piadas, tanto verbais (prefira a versão dublada, que é muito competente, com inflexões vocais engraçadas de Diego Vilela e Tadeu Mello) quanto visuais. São esses elementos que garantem o interesse da platéia até o final – é claro que estou me referindo ao público adulto, já que criança, em geral, não presta atenção nessas coisas e certamente vai se divertir bastante com o ritmo frenético da narrativa, e provavelmente também não perceberá algumas piadinhas mais pesadas (mas inofensivas). No final, termina sendo divertido, mas poderia ser muito mais que isso. Ao que parece, o sucesso da fita rendeu fôlego para uma quarta parte, já em produção, e também com direção de Saldanha.

NEW YORK, NEW YORK – Este é considerado o filme mais fraco da carreira de Scorsese, feito num período pessoal difícil do cineasta, então afundado nas drogas. O resultado parece saltar na tela. Não recebeu maior reconhecimento nem muita repercussão, e mesmo a música-tema terminou esquecida, só se tornando sucesso anos depois, quando Frank Sinatra resolveu gravá-la. Ou seja, tudo indicava que o filme ficaria relegado ao esquecimento, sendo apenas mera curiosidade cinematográfica, salvo de inglório destino com seu lançamento posterior em DVD. Tinha originalmente quatro horas de duração, finalmente reduzidas para duas horas e quarenta e três minutos. Conta a desinteressante história de um casal, ela uma jovem cantora em ascensão, ele um saxofonista talentoso, mas encrenqueiro. Juntos formam uma dupla que explode nos teatros e na cena musical de Nova York nos anos 40, após a II Guerra Mundial. Liza Minnelli, casada com Scorsese na época, capitaliza a fama alcançada anos antes por Cabaret. Vale conferir mais um grande desempenho de Robert De Niro, nos tempos em que ainda esbanjava talento – como todo mundo sabe, o ator não existe mais, hoje é só uma carcaça envelhecida que se arrasta indiferente em produções de segunda classe. Mas aqui estava em plena forma. O roteiro descosturado não consegue envolver o espectador e ainda comete o erro de desperdiçar o final, prolongando-se após o clímax.

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