Ainda faltam algumas semanas para
o final do ano (ou do mundo, se os maias estiverem corretos – neste caso,
faltaria só uma!), mas já começam a aparecer as inevitáveis listas de melhores
e piores filmes da temporada. Eu só organizo a minha nos primeiros dias do ano
seguinte, afinal, por enquanto há tempo para se descobrir uma pérola ou se
aborrecer com alguma sandice. A revista Time já saiu na frente e listou os
melhores e piores filmes de 2012, alguns ainda inéditos por aqui.
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A hora mais escura: um dos melhores, segundo a Time. |
Eis os dez
melhores do ano para a Time, com o respectivo diretor entre parênteses:
Amor (de Michael Haneke, Palma de Ouro
em Cannes),
Indomável sonhadora (de Benh
Zeitlin, prêmio do júri em Veneza),
As
aventuras de Pi (de Ang Lee, adaptando um romance supostamente plagiado do
nosso Moacyr Scliar),
Anna Karenina (de
Joe Wright),
Batman – o Cavaleiro das
Trevas ressurge (de Christopher Nolan),
A
hora mais escura (de Kathryn Bigelow, a ser lançado),
Dark horse (de Todd Solondz),
Dragon
(de Peter Chan, confesso que desconheço detalhes),
Frankenweenie (de Tim Burton) e
A
guerra invisível (documentário de Kirby Dick). Dessa relação, há quatro que
acabaram de ser indicados ao Globo de Ouro em alguma categoria. É de se
estranhar a ausência de alguns filmes muito badalados neste final de ano, como
Argo e
Killer Joe – Matador de aluguel, também cotados ao prêmio da
Academia. Também é quase certa a inclusão de
A guerra invisível entre os finalistas de sua categoria. Ele foi
exibido no Festival do Rio, mas só pude vê-lo na repescagem porque a sessão a
que estive presente, durante o evento, foi interrompida na metade por uma falha
da projeção. Trata-se de um filme corajoso que denuncia os inúmeros casos de
estupro ocorridos nas bases militares norte-americanas todos os anos, uma
realidade que é convenientemente ignorada pelas altas autoridades que deveriam
combatê-lo – claro, porque são os próprios oficiais quem praticam os crimes. Só
a sua indicação já servirá para jogar luzes nesse problema, que é muito sério e
precisa ser conhecido.
Mais divertida é
a lista dos piores. Também há alguns títulos que não saíram aqui. Ei-la: A viagem (no original, Cloud Atlas, de Tom Tykwer, Andy
Wachowski e Lana Wachowski, o famoso épico que marca o retorno de Tom Hanks às
telas e, ao que parece, também a derrocada de sua carreira), John Carter – Entre dois mundos (de Andrew
Stanton, um dos maiores prejuízos do ano), Hyde
Park on Hudson (de Roger Michell, inédito), Abraham Lincoln caçador de vampiros (de Timur Bekmambetov), Guerra é guerra (de McG, achei injusto,
é bem divertido), O Lorax – Em busca da
trúfula perdida (de Chris Renaud e Kyle Balda), À sombra do inimigo (de Rob Cohen, acabou de entrar em cartaz), O que esperar quando você está esperando
(de Kirk Jones, com Rodrigo Santoro), A
estranha vida de Timothy Green (de Peter Hedges, só saiu em DVD), e Como agarrar meu ex-namorado (de Julie
Anne Robinson). O destaque “às avessas” acaba sendo A viagem, um projeto há muito esperado por se tratar da nova
empreitada dos Irmãos Wachowski depois de Matrix,
inclusive com vistas ao Oscar, mas que, pelo visto, vai disputar só os prêmios
ditos menores (técnicos).
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A saga Molusco - Anoitecer: o pior. |
Claro que é
apenas uma lista entre tantas que sairão nos próximos dias. Como qualquer
outra, não tem pretensão de ser definitiva, embora indique tendências que a temporada
de premiações que já começou se encarregará de confirmar. E se por um lado é
cada vez mais complicado listar dez bons ou ótimos filmes feitos em um ano, por
outro, também não é possível resumir em apenas dez o número de bobagens rodadas
no cinema. Para mim, por exemplo, mesmo ser ter visto a maioria dos títulos
indicados na lista da Time, nada foi ou vai ser tão ruim este ano quanto uma
coisa chamada
A saga Molusco – Amanhecer,
paródia da série
Crepúsculo. Não
é difícil satirizar a “saga”, mas aqui conseguiram errar simplesmente em tudo:
elenco péssimo, humor de banheiro, movido a flatulências, insinuações
pornográficas e homossexuais, roteiro inexistente, limitando-se a uma sucessão
de cenas desconexas, diálogos pavorosos. O horror, o horror. Pessoal da Razzie
Award (Framboesa de Ouro), olho vivo neste aqui. Nunca o pote de pudim estará em
tão boas mãos.