A uma semana para o início da Copa, começam a pipocar de todo lado
palpites e prognósticos para o torneio. O editor do blog nunca escondeu que é
fã de futebol e, como faz antes de premiações do cinema, deixa registrado
também suas apostas, um tanto óbvias, para o Mundial que começa no próximo dia
12.
GRUPO A
Será que Luiz Felipe Scolari é melhor treinador que Mano Menezes? A
julgar pelos resultados conquistados à frente da Seleção, sim. Em pouco mais de
um ano de seu retorno, Felipão ganhou a Copa das Confederações e conseguiu dar
estilo de jogo e padrão tático à equipe, qualidades que seu antecessor somente
começou a implantar depois de quase dois anos de trabalho, período ao longo do
qual perdeu os dois títulos que disputou (a Copa América e o Torneio Olímpico).
Além disso, Scolari tem experiência de Copa do Mundo, tendo sido o comandante
do escrete vencedor em 2002, além de ter conduzido Portugal a um honroso quarto
lugar na Copa seguinte. Independente de qualquer coisa, não se espera que o
Brasil não termine a fase de grupos em primeiro lugar. Se tradição vale em Copa
do Mundo, a segunda vaga deve ficar com o México, em que pese o mau momento
vivido pela seleção local, que se classificou para o torneio apenas na
repescagem, e graças a uma vitória dos EUA sobre o Panamá, na última rodada das
eliminatórias do continente. Vai disputar com a Croácia, que retorna à Copa
ainda evocando os bons fluidos do quarto lugar de sua primeira participação, em
1998. De Camarões, espera-se que resgate o futebol alegre que contagiou o mundo
na insossa edição de 1990, deixando de lado a violência que mostrou em suas
participações seguintes. Mesmo veterano, Samuel Eto'o ainda é a esperança de
gols e grande estrela da seleção.
GRUPO B
Os baianos terão a honra de assistir à reedição da final da última Copa.
Espanha e Holanda já se enfrentam na primeira rodada, dia 13 de junho,
na Fonte Nova, e o perdedor do confronto provavelmente será o adversário do
Brasil nas oitavas de final. A atual campeã do mundo manteve a base e o mesmo
estilo de jogo, encantador para uns, irritante para outros, mas inegavelmente
eficiente. A Holanda atropelou todos os adversários nas eliminatórias
européias, ganhando nove dos dez jogos que disputou. Chega com ares de poderosa
e favorita ao título, mas não acredito que vá muito longe. Deve, porém,
garantir a segunda posição, o que a poria no nosso caminho já na fase seguinte.
Azar do Chile, que, embora conte com uma seleção experiente e alguns jogadores
habilidosos, como Valdívia e Alexis Sánchez, não tem força para encarar de
igual para igual os europeus do grupo. A Austrália buscará apenas a manutenção
de um tabu: nunca saiu de um mundial sem conquistar ao menos um ponto.
GRUPO C
Este é provavelmente o grupo mais equilibrado da Copa. E não exatamente
pela qualidade dos componentes. Em condições normais, a Colômbia seria favorita
absoluta à primeira posição, mas o desfalque confirmado de Falcao García a põe em
pé de igualdade com as outras seleções. Deve se classificar de todo modo porque
ainda assim é tecnicamente superior a pelo menos outras duas equipes da chave.
Uma delas é a Grécia, que até pode ter causado certa sensação nas eliminatórias
européias, mas não convence ninguém, é um time muito limitado, que joga
basicamente para se defender e não deixar jogar. O Japão também decepcionou na
Copa das Confederações, sendo presa fácil até do combalido México. Por mais que
tenha evoluído, dificilmente conseguirá alguma coisa por aqui. A segunda vaga,
assim, deve ficar com a Costa do Marfim, que ainda confia nos gols do veterano
Drogba. Ele deverá ser muito auxiliado pelos dribles do habilidoso Yaya Touré, destaque do
Manchester City. Em sua terceira Copa seguida, os africanos esperam,
finalmente, passarem de fase e chegarem pelo menos nas oitavas.
GRUPO D
Esqueça a Costa Rica, que virá fazer turismo no Brasil. A luta é entre
Itália, Inglaterra e Uruguai para ver qual deles fica na primeira fase. É
a primeira vez na história das Copas que três campeões mundiais dividem o mesmo
grupo, e na roleta de apostas, parece que vai sobrar para a Celeste Olímpica. O
Uruguai envelheceu desde o último torneio, e a seleção que surpreendeu há
quatro anos não consegue mais acertar seu jogo. Diego Forlán, craque na África
do Sul, caiu de ritmo, e deve sobrecarregar Suárez e Cavani no ataque para
tentarem resolver. Problema que parece não afetar a Itália, que, contrariando
sua história, tem uma linha de frente poderosa, com o explosivo Balotelli
comandando uma equipe que hoje parece mais afeita ao ataque do que à defesa,
ainda guarnecida pelo excelente goleiro Buffon. Ataque que também credencia a
Inglaterra a ir longe no Mundial, graças ao poderio ofensivo de Rooney,
Sterling e Sturridge e a uma base muito bem-montada, o que garante um conjunto
sólido no todo. A longínqua Arena da Amazônia terá a honra de receber Itália x
Inglaterra já na primeira rodada, dia 14.
GRUPO E
A Suíça foi agraciada pela Fifa com a cabeça de chave deste grupo.
Então, bem pode justificar tal condição (que só deveria ser concedida aos
campeões mundiais) fazendo uma boa campanha ao menos na primeira fase, na qual
não deverá encontrar maiores dificuldades. Por mais que tenha se renovado, o
futebol suíço, para mim, é sinônimo de retranca, chutão e jogo feio. Seria uma
França piorada. Os Bleus nunca me convenceram, nem quando
ganharam o título em seus domínios, e em 2010 sequer avançaram às oitavas. Mas têm jogadores mais habilidosos que o rival de
histórica neutralidade, como o rápido Ribéry e o artilheiro Benzema. O Equador
volta à Copa disposto a surpreender novamente, como fez em 2006, mas vai ser
difícil, a seleção é muito fraca. Honduras deve aproveitar a Copa para fazer turismo pelo país – joga as
duas primeiras partidas no Sul e encerra na Amazônia. Haja conexão!
GRUPO F
Rivalidade à parte, ver Messi jogar no Maracanã é um sonho que todo torcedor brasileiro sempre quis ver. É um desses momentos inesquecíveis que só uma Copa
pode realizar. E os hermanos são favoritos absolutos não só do
grupo, mas também para levantar a taça, em grande parte graças a ele, que chega
um pouco fora de sua forma física ideal, o que é ruim para a equipe mas ótimo
para os adversários. Curiosidade: este será o quarto encontro entre Argentina e
Nigéria em uma Copa, dentre as cinco vezes em que o país africano participou
(sempre perdendo). Apesar da derrota quase certa, as Águias devem garantir o
segundo lugar do grupo. Pouco se espera do Irã – minha maior expectativa é ver
se haverá torcedores iranianos presentes aos estádios e como aquele povo tão
fechado irá reagir diante dos nossos costumes liberais. A Bósnia vai fazer sua
estréia em Copas jogando no Maracanã contra a Argentina, o que já é a maior glória de sua curta
história no futebol. Perder de pouco vai ser bom negócio. Uma das estrelas de
pequena grandeza do futebol europeu, o atacante Dzeko terá seu nome escrito na
história do torneio.
GRUPO G
À parte o banho de bola que levou na semifinal da última Liga dos
Campeões Europeus para o Real Madri, o Bayern de Munique ainda é considerado o
melhor time do mundo atualmente, e é a base da seleção da Alemanha. Logo, os
alemães têm a melhor seleção do mundo, certo? Não exatamente. É verdade que os
germânicos chegam ainda mais fortes à essa Copa do que há quatro anos, com um
poderio ofensivo altamente respeitável, um conjunto sólido e com jogadores
muito habilidosos. Em termos de resultado, porém, não têm obtido sucesso, já
que há anos não levantam um título. O segundo lugar do grupo deve ficar com Portugal,
que continua sendo uma seleção algo irregular, mas se garante graças à estrela
Cristiano Ronaldo. Mas o grupo é complicado. Gana e Estados Unidos são equipes
em constante evolução e podem complicar a caminhada dos dois europeus.
Curiosidade: desde 1998 a Alemanha já jogou contra as outras três equipes deste grupo em algum momento do Mundial, e sempre saiu vitoriosa. Um efeito psicológico de peso
considerável.
GRUPO H
A Bélgica
chega prometendo ser a grande sensação da Copa. Com uma geração muito
habilidosa, pratica um futebol veloz e de técnica afinada. Destaques para
Hazard, Januzaj (que tem tripla nacionalidade, mas optou pela belga), o raçudo
Fellaini, Kompany, Lukaku e o ótimo goleiro Mignolet, todos titulares em seus
times na Premier League. Para alçar os vôos que dela se esperam, porém, a
Bélgica deve quebrar um incômodo tabu: caiu nas oitavas em 1990, 1994 e 2002 e
sequer passou da primeira fase em 1998. A Rússia deve usar a Copa do Brasil
como laboratório para a próxima edição, que será lá. Vai travar uma curiosa disputa
pela vaga com os belgas e com a Coréia do Sul, que pode arrancar pontos
preciosos dos compatriotas de Putin, já que o confronto entre ambos será na
quente Arena Pantanal, o que certamente será sentido pelos europeus. O ataque
da Argélia passou em branco na Copa de 2010 e há cinco jogos a seleção não faz
gols pelo torneio. Os argelinos ficarão felizes se saírem do Brasil com pelo
menos um golzinho marcado.
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