sexta-feira, 30 de março de 2012
Estréias da semana
Mais um cinema de rua reabre as portas
quarta-feira, 28 de março de 2012
Treze à mesa e um traidor entre nós
Um dos lances mais comentados dos últimos dias foi o pênalti perdido pelo jogador Léo Rocha, do Treze, no jogo contra o Botafogo pela Copa do Brasil. Mais do que o lance em si, o que chama a atenção é a rigidez da punição aplicada ao atleta pela diretoria de seu clube.
Para situar o leitor. Na Copa do Brasil, nas duas etapas iniciais, passa à fase seguinte o time visitante que vencer por dois ou mais gols de diferença; ou que marcar mais pontos; ou que assinalar mais gols que o oponente na soma das duas partidas, se houver. Botafogo e Treze empataram por 1x1 no Engenhão, mesmo placar do primeiro jogo, disputado na semana anterior
Veja o lance aqui: http://www.youtube.com/watch?v=De4XhizYeCQ
A reação intempestiva do arqueiro, que correu até o jogador adversário e despejou algumas poucas e boas em seu ouvido, certamente chamou menos a atenção do que a atitude radical dos diretores do Treze que, horas depois da partida, decretaram o afastamento do jogador, primeiro, disseram, por uma medida de segurança, já que a torcida paraibana poderia recebê-lo sob ameaças, e posteriormente assumindo sua insatisfação com a brincadeirinha irresponsável do jogador, que causou a eliminação do Treze da competição nacional.
Será que havia motivo real para demitir o jogador por causa desse lance? O que pode ter representado a eliminação do time de Campina Grande da Copa do Brasil em termos práticos? Claro que é menos dinheiro em caixa, já que os participantes vão sendo remunerados proporcionalmente à fase que atravessam, mas isso pode ser atenuado. O Treze é grande em seus limites estaduais, mas um zero à esquerda quando projetado no cenário global do futebol brasileiro; dificilmente iria muito longe, mesmo porque o time é fraco (tenho forte convicção de que também o Botafogo não terá melhor sorte, mas não irei me ocupar disso aqui). Estavam se enfrentando um time grande e outro nanico: a regra da lógica indica a classificação do time grande, sem que haja qualquer absurdo nisso – o contrário é que causaria espécie, e, aí sim, justificaria uma demissão em massa do elenco do Botafogo. Era um jogo de volta da fase classificatória da Copa do Brasil: não era a final, nem a semifinal, menos ainda uma quarta de final, jogos de carga dramática bem maior, eivados de uma importância maiúscula que os encontros preliminares estão longe de se revestir. Ou seja, o Treze foi eliminado em um jogo no qual, em condições normais, sequer teria chegado àquela decisão. Sem maiores prejuízos. O que pensavam os dirigentes que demitiram Léo Rocha? Que o Treze chegaria à final, passando por cima de todos, como um Barcelona do Sertão? Que o Treze tem time para disputar qualquer competição de igual para igual com equipes mais fortes? Ou será que acreditavam que havia um planejamento feito com seriedade, visando a levar o time campineiro a disputar a Libertadores em 2013? Como o incompetente Léo Rocha teve a ousadia de frustrar todos esses projetos, acabou punido com a demissão.
Talvez um misto de arrogância, falta de noção e absoluto amadorismo possa justificar a decisão dos dirigentes do time campineiro. Um deles chegou a declarar que “no Treze só jogam vencedores.” Se é assim, então, os vencedores devem estar mesmo apenas dentro das quatro linhas – porque fora, só o que se viu foram cartolas inaptos e sem a mínima idéia do que significa administrar um clube.
terça-feira, 27 de março de 2012
Muppets para adultos
segunda-feira, 26 de março de 2012
E-book: o livro do futuro
Os catastrofistas de plantão que gostam de anunciar o fim do livro devem rever seus conceitos. Ele não desaparecerá: no máximo, passará por uma transformação. Embora de maneira ainda tímida, os e-books já são uma realidade e, se ainda não se popularizaram completamente, isso se deve a uma certa insegurança do mercado editorial que, contudo, prepara-se para investir pesado nesse novo equipamento.
As perspectivas animadoras são defendidas pelo professor e cientista social Alexandre Linares em extenso artigo publicado no site
Mesmo com tantas reticências, já se observam iniciativas de fomento ao incentivo do livro digital, como a da Ediouro, com seu projeto Singular Digital, que distribui conteúdo eletrônico de diversas publicações sob demanda e da forma que o cliente preferir; ou a do Grupo Positivo, que aposta em um e-reader próprio para marcar espaço entre as plataformas tecnológicas que aos poucos começam a conquistar o leitor brasileiro.
“Livro é conteúdo, não forma”, continua Linares. Para ele, outro motivo pelo qual há tanto receio em apostar em uma nova forma de leitura é que as editoras, muitas tradicionais, com anos de mercado, ainda veem o livro como um produto de papel, o que impede que as empresas do setor aceitem a gradual mudança que vem ocorrendo. E vai mais além: a grande revolução permitida pelo e-book é a facilidade de socializar o conhecimento. E compara:
– Vivemos uma nova transformação gutenberguiana. Aquilo que Gutenberg fez com seus tipos móveis mudou o mundo. Não pela técnica em si, mas porque essa técnica foi capaz de reduzir drasticamente os custos do acesso ao conhecimento e a novas ideias que antes estavam isoladas e fragmentadas. Socializou, assim, o conhecimento clássico e abriu as portas para novas ideias.
Os usuários de e-book já descobriram algumas de suas vantagens. Com um bom leitor eletrônico, é possível armazenar uma vasta biblioteca em um único lugar, além de permitir que o usuário tenha acesso a ela em qualquer lugar que esteja. Ou seja, praticidade, portabilidade e economia de espaço são os maiores atrativos para quem ainda está em dúvida sobre valer a pena adquirir um e-book.
Outro fator que ainda impede as editoras de investirem pesado no livro digital é, claro, o aspecto financeiro. Segundo Linares, não é possível achar que as faixas de lucro vão ser as mesmas das vendas de livros tradicionais:
– Hoje o público de vanguarda está comprando leitores (e-readers/tablets) e já consumindo no Brasil. É um público pequeno ainda, mas é o que consome mais e logo exigirá o que consumir. Seja ele professor universitário, leitor modista radical, pessoas da área de tecnologia ou advogado consumidor de livros jurídicos pesados que não quer carregar na mala.
Não há dúvida de que os e-books transformam a experiência da leitura. Longe de extingui-la, eles permitem uma nova interação entre leitor e livro. Seria possível imaginar, num futuro não muito distante, e diante de tantas inovações tecnológicas que se nos apresentam, que o leitor talvez até possa interagir diretamente com a história, montando-a e desmontando-a de acordo com suas preferências, seus pontos de vista. Por exemplo: “não gostei deste personagem, vou deletá-lo da história”; ou: “acho que este personagem aqui está subaproveitado, vou fazê-lo crescer daqui por diante, ele terá mais voz ativa” etc. Ou ainda: “a trama está morna, vou acrescentar detalhes mais picantes”. E por aí vai...
(Artigo publicado originalmente na revista Caderno 0, em setembro de 2011)
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A difícil vida fácil à francesa
sexta-feira, 23 de março de 2012
O filho rebelde se perdeu no mundo e agora retorna
Dizem que somente damos valor a alguma coisa depois que a perdemos. Nos últimos 11 meses, pude comprovar essa teoria na prática. Por motivos pessoais e profissionais, precisei me afastar da literatura e de tudo o que a cerca, paralisei minha produção intelectual e mesmo as críticas de cinema, que vinham sustentando meu vício pela escrita, tiveram sua frequência diminuída. Só não parei de ler porque isso é, para mim, tão fundamental quanto respirar, beber água ou comer. É uma necessidade vital.
Quem me conhece sabe de minha paixão pela literatura. Não tem explicação. Sempre foi mais que uma distração, chega a ser vício. Preciso me envolver com ela de alguma forma. Só ler, às vezes, não me basta, é um exercício incompleto. Preciso criar, verbalizar o que sinto. A literatura, muitas vezes, me tem uma função terapêutica: muita barra pesada já suportei apenas pela facilidade de poder segurar uma caneta e jogar idéias no papel. Admiro todas as formas de arte – pintura, escultura, dança, teatro – mas a literatura é soberana. Aprendi a ler antes de falar. Não sabia ainda pronunciar "papai" ou "mamãe", mas identificava o nome do Pato Donald nas revistas em quadrinhos que lia. Mesmo o cinema, que vem ocupando um lugar de destaque na minha vida nos últimos 20 anos, não se compara ao que a literatura representa para mim. Esta é o meio pelo qual consigo expor minhas opiniões sobre aquele. São expressões artísticas que se combinam, uma sem a qual não seria possível existir a outra. Tudo começa e termina na literatura.
Criei este blog em 2009, com o intuito de discorrer sobre filmes, mas o abandonei pouco tempo depois, já que ninguém lia (e o que me garante que será lido agora?). Só que o tempo passou e fui sentindo crescer essa necessidade imperiosa em todo homem de Letras, qual seja, escrever, escrever e escrever. Bem ou mal, não importa. Alcançando ressonância ou morrendo no ciberespaço da indiferença. Escrevendo para mim ou para quem quiser ler. Não faz diferença. É um espaço meu, do qual preciso, e que pretendo reativar a partir de agora, reformulado. Antes, somente críticas e crônicas breves sobre a Sétima Arte; agora, textos variados sobre tudo, sem esquecer, claro, a ficção, outra mola propulsora de minhas vadiagens intelectuais.
Precisei me afastar para de fato perceber o quanto a literatura é importante para mim. Há uma necessidade urgente de escrever, de botar tudo pra fora, de criar – enfim, há uma necessidade. Maior do que eu.
Tudo clichê. Algo rançoso. Meio adolescente, talvez. Mas é fato. Estou de volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído.