sexta-feira, 23 de março de 2012

O filho rebelde se perdeu no mundo e agora retorna

Dizem que somente damos valor a alguma coisa depois que a perdemos. Nos últimos 11 meses, pude comprovar essa teoria na prática. Por motivos pessoais e profissionais, precisei me afastar da literatura e de tudo o que a cerca, paralisei minha produção intelectual e mesmo as críticas de cinema, que vinham sustentando meu vício pela escrita, tiveram sua frequência diminuída. Só não parei de ler porque isso é, para mim, tão fundamental quanto respirar, beber água ou comer. É uma necessidade vital.

Quem me conhece sabe de minha paixão pela literatura. Não tem explicação. Sempre foi mais que uma distração, chega a ser vício. Preciso me envolver com ela de alguma forma. Só ler, às vezes, não me basta, é um exercício incompleto. Preciso criar, verbalizar o que sinto. A literatura, muitas vezes, me tem uma função terapêutica: muita barra pesada já suportei apenas pela facilidade de poder segurar uma caneta e jogar idéias no papel. Admiro todas as formas de arte – pintura, escultura, dança, teatro – mas a literatura é soberana. Aprendi a ler antes de falar. Não sabia ainda pronunciar "papai" ou "mamãe", mas identificava o nome do Pato Donald nas revistas em quadrinhos que lia. Mesmo o cinema, que vem ocupando um lugar de destaque na minha vida nos últimos 20 anos, não se compara ao que a literatura representa para mim. Esta é o meio pelo qual consigo expor minhas opiniões sobre aquele. São expressões artísticas que se combinam, uma sem a qual não seria possível existir a outra. Tudo começa e termina na literatura.

Criei este blog em 2009, com o intuito de discorrer sobre filmes, mas o abandonei pouco tempo depois, já que ninguém lia (e o que me garante que será lido agora?). Só que o tempo passou e fui sentindo crescer essa necessidade imperiosa em todo homem de Letras, qual seja, escrever, escrever e escrever. Bem ou mal, não importa. Alcançando ressonância ou morrendo no ciberespaço da indiferença. Escrevendo para mim ou para quem quiser ler. Não faz diferença. É um espaço meu, do qual preciso, e que pretendo reativar a partir de agora, reformulado. Antes, somente críticas e crônicas breves sobre a Sétima Arte; agora, textos variados sobre tudo, sem esquecer, claro, a ficção, outra mola propulsora de minhas vadiagens intelectuais.

Precisei me afastar para de fato perceber o quanto a literatura é importante para mim. Há uma necessidade urgente de escrever, de botar tudo pra fora, de criar – enfim, há uma necessidade. Maior do que eu.

Tudo clichê. Algo rançoso. Meio adolescente, talvez. Mas é fato. Estou de volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído.

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