Para
a derradeira coluna do ano, pensei em fazer uma homenagem a Stanley Kubrick,
aproveitando os últimos dias da exposição que leva seu nome e fica em cartaz em
São Paulo até 12 de janeiro - infelizmente não consegui vê-la, estive na cidade
há um tempo, fui até o Museu da Imagem e do Som (MIS) onde está alocada, mas o
tempo de espera na fila de entrada era de duas horas e sem qualquer garantia de que os visitantes conseguissem o acesso ao recinto. Resta-me torcer para que o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do
Rio consiga trazê-la para a cidade, mas as chances são poucas. Resolvi então encerrar
a temporada da mesma forma que no ano passado, trazendo a lista dos melhores e
piores filmes do ano escolhidos pela revista Time. Serve como
"aperitivo" para a minha lista pessoal, que publicarei na primeira semana
de janeiro, quando o CineComFritas volta do recesso.
A
lista de melhores surpreende por trazer uma produção européia na segunda
posição, além de um documentário, pouco falado por aqui, mas que passou no
Festival do Rio e está cotado para o Oscar da categoria. Aliás, é possível
especular sobre os prováveis indicados a partir dos títulos citados pela
publicação. O primeiro lugar ficou com Gravidade,
de Alfonso Cuarón, soberano nesta e em outras listas de melhores (na minha não
está). A seguir vem A grande beleza,
de Paolo Sorrentino, sensação em Veneza, indicado pela Itália a concorrer ao
Oscar de Filme Estrangeiro e que acabou de entrar em cartaz nesta sexta-feira.
Acima de todos, está Gravidade. O resto vem lá embaixo. |
Os
demais filmes da lista são: Trapaça (de David. O Russell, também
apontado como finalista ao Oscar, ainda inédito), Ela (nova loucura de Spike Jonze, que rendeu a Scarlett Johansson o
prêmio de melhor atriz no Festival de Roma e também agraciada pelo National
Board of Review - o detalhe é que ela não aparece em cena, só se ouve sua
voz!), O grande mestre (de Wong
Kar-Wai, elogiada biografia de Ip Man, o treinador de Bruce Lee), Velozes e furiosos 6 (grande surpresa,
considerando o histórico da franquia, mas merecido, é provavelmente o melhor
filme de ação do ano), Frozen - Uma
aventura congelante (animação de Chris Buck, cotada para o Oscar, ainda
inédita aqui), O ato de matar (de
Joshua Oppenheimer, o tal documentário, dificilmente entra em cartaz mas está
disponível na rede para quem quiser procurar), 12 anos de escravidão (recordista de indicações ao Globo de Ouro e
fortíssimo candidato ao Oscar, dirigido pelo inglês Steve McQueen) e O hobbit - A desolação de Smaug (de
Peter Jackson, que certamente abiscoitará também algumas indicações).
Entre
os piores, nada de muito surpreendente. A relação traz títulos que foram verdadeiros
fracassos de público e crítica, mais lá fora do que aqui, já que brasileiro em
geral adora bobagem feita em Hollywood e enche os bolsos das distribuidoras,
ajudando a fazer a fama de tais produtos. Como na lista dos melhores, esta
também traz um documentário, logo na segunda posição. Na cabeça, está Gente grande 2 (de Dennis Dugan),
seguido por Memórias de Salinger (não
deixa de ser uma surpresa, ao que parece o escritor está se revirando na tumba
pelo que fizeram com a história de sua vida, dirigida por Shane Salerno) e a
seguir três dos blockbusters mais comentados do ano: A hospedeira (adaptação do romance homônimo de Stephanie Meyer,
dirigido por Andrew Niccol), Depois da
terra (outra canoa furada de M. Night Shyamalan e mais uma arranhada no
currículo de Will Smith) e Oz - Mágico e
poderoso (de Sam Raimi).
Apenas Deus perdoa: a segunda vez nem sempre é melhor. |
Outros
filmes que tiveram carreira meteórica nos cinemas daqui foram lembrados: O casamento do ano (comédia de Justin
Zackam), O conselheiro do crime (de
Ridley Scott) e RIPD - Agentes do além (de
Robert Schwentke). Também houve espaço para Apenas
Deus perdoa, nova parceria entre Nicolas Widing Refn e Ryan Gosling, muito
esperada, mas com resultado bastante inferior ao trabalho anterior de ambos, o
ótimo Drive (por aqui, só deve sair
em DVD e não merece mesmo sorte melhor, é violento e descartável). Fechando a
lista, Se beber não case III (de Todd
Phillips), jogando a série em coma etílico e, em contrapartida positiva, ao que
parece, sepultando as pretensões de uma quarta parte.
A
verdade é que listar apenas dez filmes ruins é uma tarefa que a cada ano parece
mais difícil, tamanha a quantidade de indigências que infestam as salas exibidoras
do país, e o pior, sempre contando com um fortíssimo aparato de marketing, incentivando
o público a assistir lixo (enquanto consome baldes de pipoca e refrigerantes,
ou seja, lixo sobre lixo!). Neste sentido, é até benéfico que muito do cinema
brasileiro produzido hoje não ganhe destaque no mercado internacional, ou a
lista da Time seria praticamente dividida entre os blockbusters locais e os
bloquibustes que também entulham a programação daqui. Ou será que coisas
como O concurso e Casa da Mãe Joana 2 merecem
algum crédito?
Voltamos
em 3 de janeiro. Boas festas a todos!