quinta-feira, 11 de julho de 2013

Confissões de um seriemaníaco - VII

MUNDO AMISH - ROMPENDO AS REGRAS

Onde e quando: Discovery Travel & Living, quarta, 21h; quinta, 2h e 11h; domingo, 14h; quarta, 16h.
Elenco: Não profissionais (Abe, Jeremiah, Kate, Sabrina e Rebecca).
Sinopse: Quatro jovens amish e uma garota menonita saem de suas respectivas comunidades e vão para Nova York, conhecer e experimentar um mundo que lhes é estranho.


Comentários: Não costumo acompanhar reality shows, mas este me interessou por trazer um elemento de choque cultural que pareceu, no mínimo, diferente. Certamente vocês já devem ter ouvido falar dos amish, uma comunidade religiosa extremamente conservadora, originária da Alemanha, que emigrou para os Estados Unidos no século XVIII e se estabeleceu em algumas cidades do interior (aqui são Lancaster e Punxsutawney, ambas na Pensilvânia). Tornaram-se mais conhecidos graças ao filme A testemunha (1985), de Peter Weir, quase inteiramente rodado entre eles. Os amish mantêm um rígido código moral de usos e costumes, por exemplo: não dirigem carros, não usam eletricidade, não ouvem rádio, ou seja, vivem como quando se estabeleceram em solo norte-americano, sem conhecerem ou utilizarem as facilidades tecnológicas, como celular e internet, e outras não tão novas, como televisão ou geladeira! Logo no primeiro episódio, uma das garotas justifica o conservadorismo do grupo, explicando: "Essa é a maneira que nós temos de nos mantermos a salvo da maldade e da degradação do mundo." Já os menonitas, dissidentes dos amish na essência da comunidade, formam um grupo mais aberto, dirigem e consomem bebidas alcoólicas, mas também guardam características restritivas. O programa começa quando um grupo formado por dois casais amish e mais uma garota menonita rumam para Nova York, mesmo sabendo que ficarão discriminados em suas cidades. O choque já começa na chegada, quando pegam um táxi pela primeira vez, e continua quando saem para dar uma volta pela cidade, conhecem as lojas, compram óculos escuros em um camelô (a religião condena o uso, é um incentivo à vaidade), fazem compras em um mercado (o que, entre os amish, é atribuição exclusiva feminina). Claro que acabam sendo ridicularizados e chamados de pioneiros, e há momentos constrangedores, quando são fotografados pelos habitantes da metrópole, como se fossem atração de circo, o que mostra como o ser humano pode sempre ser deprimente. O interesse maior é ver como, independente da crença que professam e dos costumes que seguem, os jovens têm os mesmos sonhos, os mesmos anseios consumistas. Uma das meninas quer ser modelo; outra quer experimentar uma calça jeans; um dos rapazes faz planos de sair pela noite e paquerar garotas locais. Como em todo reality show, há aqueles momentos em que eles se confessam para a câmera, e é evidente que surgirão conflitos ao longo da série. Mas não há paredões, nem eliminação, nem a proposta é de que haja vencedores ou vencidos, e sim, justamente, que todos os participantes ganhem um enriquecimento cultural e pessoal ao fim da jornada. No fundo, é um divertimento familiar sadio e inofensivo.



Por que ver: Pelo aspecto documental da série, cujo foco é mostrar o choque cultural e passar informações sobre a comunidade amish, naturalmente muito fechada. Ou seja, raro caso de reality show que tem o que dizer e passar ao público.
Por que não ver: Só passa dublado (!) e os horários das reprises são ruins. Por ser um reality, só funciona se o espectador simpatizar com algum dos participantes, o que pode não ser muito fácil. E fãs desse tipo de programa vão estranhar a falta de conflitos mais intensos e podem rejeitá-lo inteiramente.

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