O medo do goleiro diante do pênalti (1971) |
Joseph
Bloch é goleiro de um pequeno time da segunda divisão. Durante uma partida, ele
discute com o árbitro por conta de uma falta mal marcada e é substituído pelo
treinador. Suspenso pela diretoria do clube, resolve passar seus dias
perambulando pela cidade. Vai ao cinema (assistir Faixa vermelha 7000, de Howard Hawks) e acaba se envolvendo com a
bilheteira, Glória. Mesmo não sendo convidado, passa a noite na casa dela. Na
manhã seguinte, sem motivo aparente, ele a estrangula, mas o fato parece não
significar muita coisa para o goleiro, que continua vivendo como se nada
tivesse acontecido. Acompanhando a repercussão do crime pelos jornais, ele se
muda para a pensão de uma amiga e fica apenas à espera de ser encontrado pela
polícia. Cada vez mais consciente de seu destino, deixa aflorar seu sentimento
de culpa por meio de tiques e uma hiperatividade latente que, no entanto, não o
leva a lugar algum. Seu nervosismo é fruto da certeza de que seus dias de
liberdade estão contados: ser descoberto é apenas uma questão de tempo.
Goleiro pensa que é artilheiro e banca o matador. |
O Estádio dos Assassinos. Mas aqui não tem 7x1. |
Visto hoje, o filme ganha uma dimensão ainda maior se lembrarmos do caso do goleiro Bruno, ex-Flamengo, que permenece encarcerado em Minas Gerais suspeito do assassinato de sua amante, a modelo Eliza Samúdio, em 2010. Em um rasgo de humor negro e politicamente incorretíssimo, seria de se imaginar que ela tenha assistido a este filme algum tempo antes do crime e, tal qual Bloch, se convencido de que poderia escapar da lei. Talvez não tenha visto até o final.
É
um dos bons trabalhos de Win Wenders que merece ser conhecido. Infelizmente, foi ignorado pela distribuidora Europa, quando do lançamento de vários títulos do diretor em DVD, e permanece só podendo ser visto em VHS ou garimpado na rede.