quinta-feira, 21 de junho de 2012

Fritas no cardápio


FEBRE DO RATO – Sem dúvida, um dos grandes lançamentos do cinema brasileiro neste semestre. Será que Cláudio Assis se refinou? O diretor dos polêmicos Amarelo manga e Baixio das bestas lança seu terceiro filme cercado de expectativa e referendado por uma penca de prêmios recebidos no Festival de Paulínia (que mal foi criado e já está extinto) do ano passado.




Se seus trabalhos anteriores chamaram a atenção por um estilo brutal de narrativa e de enfoque da violência, este, ao menos na superfície, se diferencia por trazer uma história de amor. O poeta Zizo (Irandhir Santos, um dos bons atores do cinema nacional, que ainda não é muito conhecido do grande público) passa seus dias escrevendo e observando o mundo, mas vê este mesmo mundo se desestruturar ao se apaixonar por uma jovem ninfa, Eneida (Nanda Costa). De onde partirá a violência que tempera os longas de Assis a partir dessa sinopse, só vendo. Mas os filmes do diretor sempre foram difíceis por natureza, seja pela abordagem que faz do universo dos excluídos, jogando na cara do público certas mazelas que preferimos não ver, seja pela forma como narra suas histórias. Aqui, ele optou pelo preto e branco, o que pode dificultar mais ainda a carreira desse trabalho junto à platéia, que sabidamente rejeita esse tipo de fotografia. De tão alternativo, a única distribuidora que topou lançá-lo foi a Imovision, especializada nesse tipo de filme.




SOMBRAS DA NOITE – Sou fã de Tim Burton, mas confesso que estou pouco empolgado para conferir este seu novo trabalho, e são várias as razões para isso.




A primeira é que fiquei bastante decepcionado com seu filme anterior, Alice no País das Maravilhas, que me aborreceu com seu ritmo claudicante e sua narrativa lenta, irritante mesmo. Depois, porque ele parece não estar sabendo se renovar, ou seja, faz sempre a mesma coisa, sempre o mesmo tipo de filme, sempre os mesmos tipos estranhos. É possível inventar a partir de fórmulas consagradas, mas o estilo dark do diretor já está cansando.

Aqui ele adaptou uma popular série de TV que foi ao ar pela ABC entre 1966 e 1971, mas aproveitou apenas parte da idéia original (que era muito extensa, com inúmeros personagens e mais de 100 episódios). A história acompanha a jornada do bon vivant Barnabas Collins, que, vítima da maldição de uma bruxa, passa 200 anos aprisionado em uma tumba. Ressuscita em 1972 e resolve voltar para casa. Mas encontra um séquito de figuras tão estranhas quanto ele morando lá, entre elas a bela Victoria Winters (papel da desconhecida Bella Heathcote, que bem faz jus ao nome).

É a oitava vez que Depp e Burton trabalham juntos, em parceria iniciada com Edward mãos de tesoura (1990), uma das mais longevas do cinema. O problema é que também já cansou ver o ator fazer sempre o mesmo tipo desajustado. Nem o trailer (abaixo) me atraiu. Mesmo com tantos contras, não tem jeito: Burton é um desses diretores cujos filmes têm sempre de serem vistos.



  
E AÍ... COMEU? – O cinema brasileiro joga nessa comédia de tintas populares sua última cartada do semestre para tentar seduzir o público e fazer uma boa bilheteria, já que as apostas anteriores, os belos e competentes Xingu, Heleno e Paraísos artificiais ficaram muito aquém do esperado, talvez por se tratarem de produções mais requintadas, com conteúdo, o que, parece, afasta o público médio dos blockbusters nacionais e a Nova Classe C. Esta, pelo visto, já dá as cartas também no cinema e determina os rumos que o mercado exibidor deve tomar.



 Se os dramas históricos e de narrativas elaboradas não atraem audiência, o jeito é investir no de sempre: uma comédia estrelada por astros conhecidos do público, que fala a língua do povo e trata de assuntos e questões pertinentes à vida em comum. No caso, três amigos, em uma mesa de bar, discutem o novo papel do homem na sociedade, ao mesmo tempo em que trocam as melhores estratégias para conquistar mulheres. 

Será que conversas de cunho sexual são mais atraentes ou interessam mais do que biografias de brasileiros ilustres ou discussões sobre o uso de drogas sintéticas? Vamos ver qual vai ser a resposta nas bilheterias. O trailer (abaixo) até pode ter certa graça quando visto pela primeira vez, mas, ao menos para mim, é insuficiente para criar qualquer expectativa.




UM VERÃO ESCALDANTE – Troca-troca entre casais parece ser uma obsessão dos diretores franceses. Outro dia entrou em cartaz Para poucos, cuja história era bem parecida com esta aqui, dirigida pelo prestigioso Philippe Garrel e que traz no elenco Louis Garrel (seu filho) e Monica Bellucci. Veja se não tiver nada melhor para fazer.

OS ACOMPANHANTES – Dramaturgo tenta faturar uma grana extra trabalhando como acompanhante de viúvas ricas em eventos e festas. Nesse ínterim, conhece um jovem que sonha em se tornar escritor (oh Deus, não tem nada melhor com que sonhar?). Comédia sem maiores referências, a não ser o elenco: Kevin Kline, Paul Dano (de Pequena Miss Sunshine), Katie Holmes e John C. Reilly.

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