domingo, 3 de junho de 2012

Continuações que gostaríamos de ver (será?)


Entra em cartaz na quinta-feira Madagascar 3 – Os procurados, mais uma aventura dos pirados bichinhos fugitivos do zoológico de Manhattan. É mais uma continuação entre tantas que já chegaram ou ainda vão chegar aos cinemas este ano. A lista inclui títulos esperados, como Batman – o Cavaleiro das Trevas ressurge, Homem de Ferro 3 e A era do gelo 4, para citar apenas alguns. Nessa onda, o mais descabido para mim é O fantástico Homem-Aranha, que retoma a história do zero, descartando tudo o que já foi visto até aqui nos filmes anteriores. Ou seja, o espectador deve esquecer a trilogia, pois agora é uma história diferente, a começar dos protagonistas, com Andrew Garfield e Emma Stone herdando os papéis que foram de Tobey Maguire e Kirsten Dunst.

Essa obsessão pelas continuações pode até ser justificada pelos aspectos comerciais (aquele papo de que é melhor investir em algo já conhecido do que tentar novidades, o público já conhece a trama, os personagens, e cinema é uma indústria que precisa gerar lucro, blábláblá). Mas para mim não esconde o fato de que, no fundo, o que há é uma crise geral de criatividade. Fico pensando nos grandes filmes de antigamente, nos verdadeiros clássicos do cinema, que o tempo se encarregou de eternizar, em parte pela alta qualidade de sua produção (roteiro, sobretudo), em parte porque não tiveram continuações para diluir as tramas e banalizar os personagens.

E olha que alguns filmes bem que comportariam uma seqüência. Em um livre exercício de imaginação, fiquei pensando como poderiam ser as histórias derivadas do filme original, passados alguns bons anos, entre clássicos e títulos menores. Atenção: a lista a seguir pode conter spoilers.

CINEMA PARA ISSO – Após a morte de Alfredo, o agora cinqüentão Totó resolve reabrir o antigo Cinema Paradiso, em sua cidadezinha. Assumindo o posto do projecionista, tenta passar um pouco de sua paixão pelo cinema a um moleque que o fica pentelhando na cabine de projeção, mas a tarefa é dificultada porque hoje não há mais filmes em celulóide, só em equipamentos digitais. Desiludido com a Sétima Arte e aborrecido porque o guri só quer saber de Xbox, Totó incendeia o cinema e se tranca em casa, até morrer de tanto chorar vendo cenas de beijos de filmes antigos. “A vida não é como no cinema”, murmura em seu último suspiro.

LARANJINHA MECÂNICA – Alex envelheceu e finalmente criou juízo, se transformando naquilo que ele mais combatia (como todos nós). Mas tem problemas para educar o filho, um adolescente problemático que gosta de invadir casas e bater nas pessoas. Os atos criminosos do moleque trazem grande tristeza a Alex, mas a maior delas é que o moleque nem sabe quem é Beethoven e prefere ouvir qualquer bandinha inglesa descartável no seu Ipod.

PLANALTO CENTRAL DO BRASIL – Cansada de escrever cartas no Rio de Janeiro, Dora se muda para Brasília, monta uma banquinha na frente da Câmara dos Deputados e passa a enviar mensagens anônimas aos doutos parlamentares, exigindo que eles tomem vergonha na cara.

ET...C – Agora casado com uma etéia e cheio de etezinhos, o fofo extraterrestre retorna à Terra para visitar seu amigo Elliott. Encontra-o gordo, decrépito e amargurado. Para reanimá-lo, ET o chama para andar de bicicleta até a Lua, brincar de esconde-esconde no armário e beber cerveja até cair. Mas a grande novidade é que o ser intergalático agora tem um Smartphone de última geração e não precisa mais construir geringonças no quintal da casa dos outros.

VELOZES E FURIOSOS 47 – Depois de inúmeras perseguições, derrapagens, batidas, tiros e cavalos-de-pau, Dominic Toretto, calvo e envelhecido, resolve se aposentar e vai para um asilo. Mas Brian O’Conner, igualmente acabado, reaparece e o convence a participar de uma última missão. A adrenalina ferve nas veias e ambos saem dirigindo uma cadeira de rodas movida a jato para combater o crime e limpar as ruas dos maus motoristas. “Sigam meu exemplo, sempre fui um condutor exemplar”, brada Toretto em sua campanha educativa.

A SAGA CREPÚSCULO: LUA MINGUANTE – Depois de tantas idas e vindas, a indecisa Bella finalmente se estabilizou em uma relação a três com o vampirinho Edward e o loboiola Jacob. Mas as coisas não são fáceis para o trio. Enquanto não resolve o que quer da vida, Bella acusa Edward de ser cada vez mais frio na transa e reclama de sua passividade na educação do filho transgênero (meio humano, meio chupa-sangue) do casal: “Parece que você não tem sangue nas veias!” Envergonhado, Edward se muda e arruma emprego como enfeite de festa infantil. Enquanto isso, Jacob sustenta a casa graças a seu trabalho como cão de guarda de casa de madame.

OK, este último não teve tanta graça. Mas, convenhamos, fazer piada com Crepúsculo é desnecessário, ou alguém leva a história a sério?




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