Dos exatos 500 filmes vistos em
2012, sobraram 20 para representar o que assisti de melhor e de pior na
temporada que se encerrou. Quem acompanha este espaço sabe que, para minhas
listagens de melhores e piores, vale tudo: títulos recém-lançados, filmes antigos
que só descobri agora, exibidos em circuito, mostras, festivais ou baixados na
rede, vistos na televisão ou em DVD etc. Só deixo de fora as séries de TV, por uma questão de coerência.
OS MELHORES
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O último Elvis: o melhor de 2012. |
O ÚLTIMO ELVIS – O melhor filme
do ano é mais uma aula de roteiro do cinema argentino. Já comentei sobre este
aqui, que foi exibido no Festival do Rio. Drama e humor em doses certeiras para
contar a história de um alienado fã de Elvis Presley que chega às últimas
conseqüências na tentativa de encarnar seu ídolo.
MAMÃE FOI AO SALÃO – O cinema
canadense tem nos legado algumas obras-primas. Esta é mais uma delas. Com
roteiro autobiográfico, a diretora Lea Pool narra a história de amadurecimento
de uma jovem na Montreal dos anos 50 em meio a sua família disfuncional. Emoção
à flor da pele.
ODEIO ESSA MULHER – Descoberta em DVD. Richard Burton
troca de emprego ao sabor do vento, enquanto mantém um relacionamento autodestrutivo
com sua namorada (Claire Bloom). O duelo de interpretações ganha pontos pela
atuação visceral dos protagonistas. Filmaço a ser conhecido.
O SOM AO REDOR – Para descrever o
pesadelo da classe média urbana dos dias atuais, o diretor Kleber Mendonça
Filho só precisou de três elementos: roteiro enxuto, diálogos afiados e
excelente uso do som. Eis a receita do grande vencedor do Troféu Redentor do
Festival do Rio.
AQUI É O MEU LUGAR – Sean Penn
empresta dignidade e honra a um papel que poderia cair no ridículo. Na pele de
um ex-astro de rock que insiste em viver no e do passado, mesmo debaixo da
maquiagem carregada, ele brilha neste filme que demorou a ser lançado e,
infelizmente, acabou esquecido pelos prêmios.
AS SESSÕES – Forte candidato ao
Oscar, deve premiar o ainda pouco conhecido John Hawkes, que arrebata no papel
de um jornalista tetraplégico condenado a viver em uma maca que resolve perder
a virgindade aos 38 anos. Para isso, conta com a ajuda de uma inspirada Helen
Hunt. Sensível, engraçado e emocionante.
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Rodrigo Santoro em Heleno. |
HELENO – Um filme sobre um
Botafogo vencedor, capitaneado por um artilheiro decisivo, não podia ficar de
fora da lista. Além disso, ainda conta com uma atuação magistral de Rodrigo
Santoro, bela fotografia em preto e branco e uma curiosa referência à minha
família (indiretamente) logo na primeira cena.
O QUADRO – O representante das
animações é esta belíssima produção franco-belga, outra do Festival do Rio. Com
uma premissa bastante original, a história se passa inteiramente dentro de uma
pintura e conta a luta pela aceitação entre os diversos tipos de desenho que a
compõem.
HATED – GG ALIN E OS VICIADOS
ASSASSINOS – Único título documental na relação dos melhores, este filme tem
quase 20 anos (é de 1994) e dá uma aula do gênero ao retratar de forma
autêntica o universo de um dos artistas mais controversos do cenário musical
norte-americano dos anos 80.
O ROBÔ – Fechando a lista dos
melhores, vem uma inusitada ficção científica feita na Índia, sobre um andróide
que sonha em se tornar humano e, para isso, precisa conquistar o coração de sua
amada. Já vimos isso em Hollywood, mas o filme é uma prova da vitalidade do
cinema indiano. Criativo, ótimos efeitos especiais, grande diversão.
Menção Honrosa: Drive, faroeste urbano noir que
privilegia o aspecto psicológico dos personagens. Um filme de ação para
cinéfilos.
Menção Honrosa – Série de TV: The newsroom – 1ª temporada. A cena de
abertura, em que Jeff Daniels
desfia um rosário de mazelas do sistema político, econômico e social da Grande
Nação do Norte, já se tornou antológica.
OS PIORES
A SAGA MOLUSCO – ANOITECER –
Imagine um filme muito ruim. Agora, multiplique por mil. O resultado ainda
ficará longe dessa coisa inqualificável, que consegue errar em tudo. Humor retardado,
elenco péssimo, roteiro idiota. Uma afronta à inteligência de qualquer um.
Coitado de quem pagou para ver isso no cinema.
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Um filme sérvio - terror sem limites: merece o limbo. |
UM FILME SÉRVIO – TERROR SEM
LIMITES – Censurado no mundo inteiro, inclusive no Brasil (foi retirado de uma
mostra que iria exibi-lo), essa pretensa denúncia dos horrores da Guerra dos
Bálcãs ultrapassa qualquer limite de bom-senso. As cenas são quase insuportáveis.
Sou contra a censura, mas este aqui merece o esquecimento.
SINGAPORE SLING – Aberração
rodada na Grécia que, segundo o diretor, é uma refilmagem local e “alternativa”
para o clássico Laura, de Otto
Preminger. Mas a elegância e a sutileza do original nem chegaram à porta disso
aqui, um horror com inúmeras cenas de tortura, vômito e sadomasoquismo
descerebrado. Preminger deve ter se revirado no túmulo.
DESCULPE-ME POR ESTUPRAR VOCÊ – O
título é autoexplicativo. Misturando crítica religiosa com erotismo fetichista,
esse pobre exercício metalingüístico se afunda em amadorismo constrangedor.
Alguns dos piores diálogos já escritos, atuações ridículas e uma “mensagem”
duvidosa compõem esse lixo que nem trash é, só um filmeco à beira do desprezível.
O GORILA – Tem representante
brasileiro na lista dos piores. A honra cabe a José Eduardo Belmonte, que
simplesmente conseguiu destruir o excepcional conto homônimo de Sérgio
Sant’Anna nessa que é a pior adaptação de obra literária para o cinema. Acaba
fazendo jus ao título: é um King Kong de ruindade.
MARCA DA VINGANÇA – Um filme
pouco conhecido que passa à exaustão na TV a cabo, nem sei se saiu em DVD. Melhor não, já
que a história sem pé nem cabeça de um rapaz que nasce com uma grande mancha negra no rosto e se envolve com uma seita demoníaca não merece nada mais que
o anonimato. E é muito pior do que parece.
GATA EM FUGA – Este aqui saiu em
DVD e já deve ter sido visto por muita gente. A espanhola Paz Vega cava seu
túmulo no cinema norte-americano com essa aventura em tons de comédia sobre uma
matadora de aluguel. Janet McAteer, que já foi indicada ao Oscar, é outra que
parece perdida e constrangida nessa bomba. Violento e imbecil.
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Megan Fox em Anjo do desejo: nem ela salva o filme. |
AMOR ANIMAL – Quem acha que não
existe documentário ruim deve (ou melhor, não deve) conhecer este aqui. Feito na Áustria, mostra a devoção das pessoas a seus bichinhos de
estimação. As entrevistas são inócuas, ninguém diz nada relevante e o filme
parece interminável. Dá vontade de sair matando todos os cães e gatos que aparecem pela frente.
ANJO DO DESEJO – Outro que saiu em DVD. Depois de ter a carreira salva graças a O lutador, Mickey
Rourke parece empenhado em voltar ao anonimato se metendo em projetos ruins como este.
Megan Fox faz um anjo caído que foge de um gângster que a explorava
comercialmente. A idéia era boa, mas o filme resultou em um equívoco total.
BUCKY LARSON – DOTADO PARA
BRILHAR – Espécie de versão adolescente de Boogie
nights – prazer sem limites. Um caipira bobalhão vai para a cidade tentar
vencer como astro do cinema pornô graças a seu enorme “talento”. Seria aceitável
se o humor funcionasse ou não fosse tão vulgar. Triste ver Christina Ricci defendendo uns trocados
nessa babaquice.
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