Super-heróis (2011) |
Todo
mundo já sonhou em ser um super-herói ou, ao menos, poder chamar por um em
algum momento de perigo. O Mr. Extremo não só desejava isso, mas também acabou
se tornando um. Se você nunca ouviu falar dele, não se preocupe: ele não saiu
da mente criativa de Stan Lee nem foi concebido por qualquer outro artista
gráfico especializado em super-heróis. Ele existe de verdade! E é um dos
enfocados pelo documentário Super-heróis,
dirigido por Mike Barnett.
O
Mr. Extremo é o fundador e um dos integrantes da Liga da Justiça Extrema (XJL,
na sigla em inglês, favor não confundir com nenhuma das empresas daquele
conhecido empresário carioca quase falido), um grupo de pessoas que se vestem
como heróis "de verdade" e andam pelas ruas de San Diego combatendo o
crime. Não são os únicos. O filme mostra que este é um fenômeno razoavelmente
comum por lá, com ramificações em outras cidades, mas com todo mundo
compartilhando o mesmo desejo comum: tornar a vizinhança mais segura e auxiliar
a polícia na captura e aniquilação de criminosos de baixo a médio grau de
periculosidade. Em suas rondas, Mr. Extremo conta com a ajuda de Lucid, Zimmer
(Z), Mr. Lenda e outros "vingadores". Além de perseguir bandidos e
monitorar a ação de pequenos traficantes de drogas nos parques da cidade, a XJL
também presta um serviço de atendimento social, distribuindo comida e roupas
para a população de rua, durante as frias madrugadas.
É
claro que nenhum deles dispõe de poderes especiais como vemos nos filmes.
Afinal, são pessoas comuns, iguais a eu, você e todos nós. Nada de força
sobre-humana, visão de raio X ou a capacidade de voar acima dos prédios. As
armas desses heróis são bem mais modestas, porém, igualmente poderosas: o
desejo de melhorar a coletividade, de ajudar o próximo e, de alguma forma, fazer
a diferença. Ou seja, antes de tudo, é uma atitude altruísta, que combina ao
mesmo tempo a fantasia de ser um herói com a perfeita utilização das normas de
cidadania. Cumprindo a lei em seus menores detalhes, evita-se a deformação
social e garante-se a segurança geral, já que os males maiores terminam
sufocados pelas ações preventivas.
Como
todo super-herói que se preza, o Mr. Extremo nunca tem a identidade revelada.
Sabe-se apenas que tem 33 anos e trabalha como segurança durante o dia. Todos
dão entrevista paramentados com o uniforme (feito em casa) que criaram para
suas personalidades e revelam, além da satisfação que sentem ao exercerem seus
papéis sociais alternativos, a desconfiança de parte da população, que muitas
vezes não entende a finalidade do projeto ou os confundem com loucos e
desocupados. "Acham que ando fantasiado pela rua", diz um, "mas
na verdade estou usando meu uniforme de super-herói."
Mr. Extremo, o guardião do bem. |
As causas defendidas
pelo grupo são as mais variadas. Um dos heróis (um dos poucos a não usar
máscara) assume ser homossexual e usa sua segunda identidade como chamariz para
atrair e prender os homofóbicos, o que já é um risco por si só. Afinal, ninguém
usa armas ou artefatos do gênero, no máximo rádios comunicadores para manterem
contato durante uma ronda. Em outro trecho, o Mr. Extremo revela o medo de
levar um tiro algum dia, pois tem ciência de sua natureza falível. Ou seja,
nunca perdem o foco de sua humanidade, não se deixam contaminar por delírios de imortalidade.
O filme é
estruturando como se fosse uma história em quadrinhos, com algumas cenas em
animação e cortes sugerindo o virar das páginas. Ele abre com uma máxima de
Einstein: "Não é o mal que torna o mundo um lugar perigoso, mas sim a
passividade dos que, vendo o mal agir, nada fazem para combatê-lo." O
próprio Stan Lee dá um rápido depoimento no começo do documentário. Há espaço
para um momento engraçado, quando os heróis saem vestidos a caráter pela cidade
na época de uma Comic-Con, sendo confundidos com os personagens da convenção!
No
fundo, o documentário deixa uma mensagem bastante positiva: nunca vão haver
super-heróis tradicionais como os vistos no cinema ou nos quadrinhos, mas é
possível que haja heróis muito mais poderosos, que se importam com a vida em
coletividade e, do seu jeito, contribuem para fazer do mundo um lugar um pouco
melhor e mais justo para se viver. Não deixa de ser uma forma para valorizarmos
os super-heróis da vida real e para chamar o público a fazer o mesmo. E então,
vamos ser todos super-heróis?
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A venda de Vitinho
para o futebol russo é uma pá de cal no sonho de o Botafogo ser campeão
brasileiro. A diretoria voltou a repetir o erro do ano passado, quando vendeu
jogadores importantes no começo do Campeonato Brasileiro - Loco Abreu, Herrera,
Caio, Elkeson - sem contratar substitutos à altura. Desta vez, demorou um pouco
mais, já que o campeonato vai pelo meio.
Vitinho foi o melhor atacante revelado pelo clube nos últimos anos e era o
sopro de ousadia e talento no frágil ataque do time. O Botafogo parece
resignado com sua supremacia regional, consolidada há alguns anos, e se recusa
a ter ambições maiores. Fica difícil ser campeão desse jeito.