quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Eles estão entre nós

Super-heróis (2011)
Todo mundo já sonhou em ser um super-herói ou, ao menos, poder chamar por um em algum momento de perigo. O Mr. Extremo não só desejava isso, mas também acabou se tornando um. Se você nunca ouviu falar dele, não se preocupe: ele não saiu da mente criativa de Stan Lee nem foi concebido por qualquer outro artista gráfico especializado em super-heróis. Ele existe de verdade! E é um dos enfocados pelo documentário Super-heróis, dirigido por Mike Barnett.

O Mr. Extremo é o fundador e um dos integrantes da Liga da Justiça Extrema (XJL, na sigla em inglês, favor não confundir com nenhuma das empresas daquele conhecido empresário carioca quase falido), um grupo de pessoas que se vestem como heróis "de verdade" e andam pelas ruas de San Diego combatendo o crime. Não são os únicos. O filme mostra que este é um fenômeno razoavelmente comum por lá, com ramificações em outras cidades, mas com todo mundo compartilhando o mesmo desejo comum: tornar a vizinhança mais segura e auxiliar a polícia na captura e aniquilação de criminosos de baixo a médio grau de periculosidade. Em suas rondas, Mr. Extremo conta com a ajuda de Lucid, Zimmer (Z), Mr. Lenda e outros "vingadores". Além de perseguir bandidos e monitorar a ação de pequenos traficantes de drogas nos parques da cidade, a XJL também presta um serviço de atendimento social, distribuindo comida e roupas para a população de rua, durante as frias madrugadas.

É claro que nenhum deles dispõe de poderes especiais como vemos nos filmes. Afinal, são pessoas comuns, iguais a eu, você e todos nós. Nada de força sobre-humana, visão de raio X ou a capacidade de voar acima dos prédios. As armas desses heróis são bem mais modestas, porém, igualmente poderosas: o desejo de melhorar a coletividade, de ajudar o próximo e, de alguma forma, fazer a diferença. Ou seja, antes de tudo, é uma atitude altruísta, que combina ao mesmo tempo a fantasia de ser um herói com a perfeita utilização das normas de cidadania. Cumprindo a lei em seus menores detalhes, evita-se a deformação social e garante-se a segurança geral, já que os males maiores terminam sufocados pelas ações preventivas.

Como todo super-herói que se preza, o Mr. Extremo nunca tem a identidade revelada. Sabe-se apenas que tem 33 anos e trabalha como segurança durante o dia. Todos dão entrevista paramentados com o uniforme (feito em casa) que criaram para suas personalidades e revelam, além da satisfação que sentem ao exercerem seus papéis sociais alternativos, a desconfiança de parte da população, que muitas vezes não entende a finalidade do projeto ou os confundem com loucos e desocupados. "Acham que ando fantasiado pela rua", diz um, "mas na verdade estou usando meu uniforme de super-herói." 

Mr. Extremo, o guardião do bem.
As causas defendidas pelo grupo são as mais variadas. Um dos heróis (um dos poucos a não usar máscara) assume ser homossexual e usa sua segunda identidade como chamariz para atrair e prender os homofóbicos, o que já é um risco por si só. Afinal, ninguém usa armas ou artefatos do gênero, no máximo rádios comunicadores para manterem contato durante uma ronda. Em outro trecho, o Mr. Extremo revela o medo de levar um tiro algum dia, pois tem ciência de sua natureza falível. Ou seja, nunca perdem o foco de sua humanidade, não se deixam contaminar por delírios de imortalidade.

O filme é estruturando como se fosse uma história em quadrinhos, com algumas cenas em animação e cortes sugerindo o virar das páginas. Ele abre com uma máxima de Einstein: "Não é o mal que torna o mundo um lugar perigoso, mas sim a passividade dos que, vendo o mal agir, nada fazem para combatê-lo." O próprio Stan Lee dá um rápido depoimento no começo do documentário. Há espaço para um momento engraçado, quando os heróis saem vestidos a caráter pela cidade na época de uma Comic-Con, sendo confundidos com os personagens da convenção!

No fundo, o documentário deixa uma mensagem bastante positiva: nunca vão haver super-heróis tradicionais como os vistos no cinema ou nos quadrinhos, mas é possível que haja heróis muito mais poderosos, que se importam com a vida em coletividade e, do seu jeito, contribuem para fazer do mundo um lugar um pouco melhor e mais justo para se viver. Não deixa de ser uma forma para valorizarmos os super-heróis da vida real e para chamar o público a fazer o mesmo. E então, vamos ser todos super-heróis?

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A venda de Vitinho para o futebol russo é uma pá de cal no sonho de o Botafogo ser campeão brasileiro. A diretoria voltou a repetir o erro do ano passado, quando vendeu jogadores importantes no começo do Campeonato Brasileiro - Loco Abreu, Herrera, Caio, Elkeson - sem contratar substitutos à altura. Desta vez, demorou um pouco mais,  já que o campeonato vai pelo meio. Vitinho foi o melhor atacante revelado pelo clube nos últimos anos e era o sopro de ousadia e talento no frágil ataque do time. O Botafogo parece resignado com sua supremacia regional, consolidada há alguns anos, e se recusa a ter ambições maiores. Fica difícil ser campeão desse jeito.

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