quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Oscar 2013 (final) e Framboesa de Ouro


Acertei o principal prognóstico do Oscar 2013: errei quase todos os palpites que dei. Foi disparado meu pior desempenho em todos os tempos, apenas 3 acertos (em 24 categorias!), um vexame que pode levar muitos leitores eventuais a acharem que o articulista não entende nada de cinema. Mas o desastre tem uma explicação: pus muito coração nos meus palpites, optei por marcar muito da minha torcida e deixei de lado o aspecto racional do jogo. E todo mundo sabe que em bolão (seja de cinema, seja de futebol) o que vale é a razão.

Mas foi mesmo um Oscar meio estranho. O filme vencedor não foi o mais premiado da noite (não é comum, embora venha se observando com freqüência nos últimos tempos), nem legou prêmio ao seu diretor (foi apenas a quarta vez que isso aconteceu), categoria técnica com empate (aí sim foi inédito, embora empates já tenham ocorrido nas categorias de interpretação, a última para Melhor Atriz em 1969). Outros ineditismos foram legais de ver. Daniel Day-Lewis tornou-se o primeiro ator a ganhar três vezes o Oscar na categoria principal (e se igualou em prêmios com Jack Nicholson, que ganhou uma vez como coadjuvante, e Walter Brennan, que só venceu como coadjuvante). E Tarantino finalmente levou sua segunda estatueta para casa, agora sem dividir os méritos com ninguém (ganhou por Pulp fiction - tempo de violência em 1996, em parceria com Roger Avary). Mais do que merecido. A ironia - e provavelmente vão querer me apedrejar pela opinião - é que ela veio justamente por seu filme mais fraco. Django livre é desnecessariamente longo, prejudicado por ter vários finais (a gente espera que acabe ali e continua), um ritmo claudicante no longo entrecho passado na mansão de Leonardo Di Caprio que derruba o filme, e violência excessiva, mesmo que ela seja comum nos filmes do diretor. Talvez seja o primeiro filme de Tarantino em que o excesso de sangue na tela me incomodou, não tinha aquela leveza e gaiatice de seus trabalhos anteriores e com as quais já nos acostumamos (aquela luta dos mandingos na sala do Di Caprio, o que é aquilo? E o ataque dos cachorros? Sinceramente, um pouco acima do que posso suportar, pela gratuidade). Mas ele merecia há tempos, agora é esperar que se consagre definitivamente como realizador e leve um Oscar de direção - e já abro a aposta, o próximo filme dele que for indicado sairá vencedor. Christoph Waltz "roubou" o Oscar de Coadjuvante de Tommy Lee Jones, mas qualquer um que levasse ali seria merecido. Duro de engolir foi mesmo Jennifer Lawrence ganhando um Oscar ainda precoce, a meu ver. Não está bem em O lado bom da vida, pode ser uma intérprete de futuro, mas ainda não convence. Futuro que parece ter chegado para Anne Hathaway, que, graças a uma única cena, engoliu suas concorrentes - mas ainda acho que foi mais uma decisão política do que por méritos, aliás,como há tantas no Oscar.

O grande derrotado da noite acabou sendo Lincoln, que só levou dois Oscars dos 12 a que concorria. E não é que Spielberg perdeu o que já parecia certo? Será que a Academia gosta tanto assim de As aventuras de Pi ou do Ang Lee? Acho o filme fraco e não lhe daria mais do que dois prêmios. E nunca vi um Oscar de Canção tão anunciado quanto foi o de Adele. Certo, ela teve a desculpa de se apresentar em uma homenagem aos 50 anos da franquia James Bond, mas ficou meio evidente que levaria o prêmio, não? O elenco de Os miseráveis defendeu com brilho a música concorrente, mas a apresentação acabou se perdendo em meio a outras dos musicais da última década. E por que não deixaram o Seth MacFarlane defender a sua?

No fim, a vitória de Argo acabou sendo justa. É um ótimo filme, tenso, bem montado - e a senha para saber que ele seria o premiado veio com os Oscars de Montagem e Roteiro Adaptado, raramente o vencedor deixa de sair vitorioso em uma dessas categorias. No entanto, pode ser que eu esteja errado, desconfio que ele se tornará um dos menos lembrados ganhadores de Oscar. Esperemos para ver.

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FRAMBOESA DE OURO

Na noite anterior ao Oscar, foram anunciados os vencedores do Framboesa de Ouro, que voltou a ser entregue em sua data habitual. Ano passado, a cerimônia só ocorreu em abril por uma jogada de marketing. Como era esperado, a turma da "saga" Crepúsculo embolsou a maioria dos prêmios, levando sete das 11 nomeações que recebera. Veja abaixo a relação completa dos vencedores.

FILME: Amanhecer - parte 2
DIRETOR: Bill Condon (Amanhecer - parte 2)
ATOR: Adam Sandler (Este é o meu garoto)
ATRIZ: Kristen Stewart (Amanhecer - parte 2 e Branca de Neve e o caçador)
ATOR COADJUVANTE: Taylor Lautner (Amanhecer - parte 2)
ATRIZ COADJUVANTE: Rihana (Battleship - a batalha dos mares)
DUPLA: Taylor Lautner e Mackenzie Foy (Amanhecer - parte 2)
CONJUNTO: Amanhecer - parte 2
ROTEIRO: Este é o meu garoto
REMAKE / SEQÜÊNCIA: Amanhecer - parte 2

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