Vi
450 filmes em 2013, 50 a menos que em 2012. Uma diferença que parece pequena,
mas acaba se revelando significativa em termos de qualidade. Foi mais difícil
montar a lista de melhores que a de piores, e isso considerando que há muita
coisa ruim sendo feita, muito filme ruim vendido como a quintessência da
genialidade contemporânea, quando na verdade a maioria é de enganadores que
querem ser reconhecidos de qualquer jeito. Alguns desses entraram na relação
dos piores. Ou seja, mesmo me arriscando cada vez mais, vendo quase tudo que me
cai à frente, acabei sendo agraciado pela sorte e pude descobrir ótimos filmes,
alguns deles comentados aqui no blog. E na gangorra do cinema brasileiro, cada
ponta foi ocupada por um título respectivo.
OS
MELHORES
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7 caixas: o melhor do ano é um paraguaio legítimo. |
7
CAIXAS
– Vem do Paraguai o melhor filme que vi em 2013. Seus grandes trunfos são
extraídos de sua simplicidade: é movimentado, divertido, tem ótimos personagens
e roteiro redondo. Grande sensação do Festival do Rio, dá aula nos blockbusters
norte-americanos. Merece ser conhecido.
GATA
VELHA AINDA MIA
– Regina Duarte e Bárbara Paz travam um duelo de interpretações nessa comédia
de humor negro, estréia em longas de Rafael Primot, a partir de uma peça de
teatro de sua autoria (ainda não encenada). Um sopro novo no cinema brasileiro.
A
DAMA ENJAULADA
– O filme-descoberta em DVD do ano. Uma trama tensa a serviço de um roteiro que
permite diversas leituras. O novato James Caan e a veterana Olivia de Havilland
se destacam em meio a um elenco homogêneo.
SPRING
BREAKERS - GAROTAS PERIGOSAS – Esteticamente criativo, o filme de
Harmony Korine se vale de belíssimas imagens para debater a falta de
perspectivas da juventude atual. Fotografia digital deslumbrante, sublimando a
violência de algumas passagens. Um colírio para retinas fatigadas.
AO
SOM DO MAR, À LUZ DO CÉU – Produzido pela ESPN e exibido em
quatro partes, este documentário faz mais do que contar a história do futebol
de areia no Rio de Janeiro: traça um nostálgico painel de uma época e de uma
cidade em plena efervescência dos anos 70 e 80.
UM
TIGRE DE PAPEL
– Eleito um dos dez melhores filmes latino-americanos dos últimos 20 anos. Documentário
que alia a forma ao conteúdo para contar a história sociopolítica e cultural da
Colômbia por meio da vida de um artista fictício, Pedro Manrique Figueroa.
Brincadeira inteligente realizada de forma original.
OS
MISERÁVEIS
– É possível que os conhecedores da obra clássica de Victor Hugo torçam o nariz
para esta primorosa adaptação musical. Mas a realização é tão notável que fica
difícil não ver suas inúmeras qualidades. Grandes momentos e final belíssimo.
OS
NOMES DE GESHEN
– Um filme israelense que trata de homossexualidade. Só isso já valeria a
ousadia do roteiro, que, no entanto, é muito mais. Trata-se de uma bela
história de amor em todas as suas formas e da nossa capacidade de aceitação do
próximo e de suas diferenças.
AZUL
É A COR MAIS QUENTE – Kechiche usa três horas intensas para mapear a
radiografia de uma paixão, tendo como fio condutor o amadurecimento afetivo,
profissional e pessoal de uma jovem de nossos dias. As cenas de sexo são apenas
o tempero de uma história desnorteante.
ODETE – Com requinte narrativo,
João Pedro Rodrigues constrói um estudo sobre a solidão, a perenização do amor
e sobre como ele é capaz de interligar vidas aparentemente desconexas.
OS
PIORES
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João Miguel entra pelo cano em Periscópio: o pior do ano. |
PERISCÓPIO – Que triste
ver o cinema brasileiro encabeçando a lista dos piores do ano. Mais triste
ainda é ver João Miguel pagando o maior mico de sua carreira estrelando essa
trama que se equilibra entre o ridículo e o irritante do sempre presunçoso Kiko
Goifman.
THE
MOORING
– Um roteiro absolutamente sem sentido, sustentando uma trama sem pé nem
cabeça, mero encadeamento de cenas violentas e gratuitas. Elenco péssimo. A roteirista
Hallie Todd faz o papel da professora e morre no meio, talvez com vergonha da
idiotice que escreveu.
SONAR – Chegou cheio
de expectativa no Festival do Rio, mas se revelou mais uma dessas fitinhas
supostamente geniais, como há tantas por aí. Praticamente sem história, apenas
um tedioso desfilar de cenas que, em alguns casos, beiram o constrangedor.
A
HOSPEDEIRA
– Um fiasco. O livro de Stephanie Meyer já é de uma chatice ímpar, enrolando uma
total falta de assunto por quase 600 páginas. A adaptação não melhora as coisas
em nada, a história continua lenta e confusa. Pobre do William Hurt, o que ele
ainda tem de fazer para ganhar a vida!
DOCE
DE COCO
– Produção catarinense de 2008, que ficou inédita no resto do país e só chegou
a mim graças à Lei da TV Paga, que favoreceu sua exibição. Mas devia permanecer
no limbo. Absolutamente sem graça, ainda prejudicado por um final sombrio, que
envereda pela crítica social. Tem uma atriz bonita (Maria Carolina Vieira) e
mais nada.
MEU
NAMORADO É UM ZUMBI – Uma salada de gêneros (comédia, terror, ficção
científica) servida sem qualquer tempero. Houve quem o comparasse à
"saga" Crepúsculo, só que o
romance de Bella e Edward é uma obra-prima perto desse aqui.
TORTURAS
ORGÁSTICAS NA CLÍNICA SATANISTA – O título bizarro do ano. O filme já
assusta a partir do título e a realização é muito pior. Brincadeira amadora sem
qualquer compromisso com a lógica. Nem as cenas eróticas, que deveriam ser um
atrativo, funcionam.
O
JOGO DA COELHINHA
– Outro filme barato e descartável, feito para chocar, na linha de Um filme sérvio. Praticamente sem
enredo, apenas uma longuíssima sessão de tortura. O único "mérito" é
a coragem da atriz em se expor, de cabeça raspada e tudo.
OS
AMANTES PASSAGEIROS – Almodóvar já havia errado com A pele que habito, seu trabalho
anterior, e voltou a decepcionar nesse filme nulo de criatividade, com roteiro
preguiçoso que nunca decola e brinda o espectador com cenas constrangedoras.
Retrocesso na carreira do mestre.
TIO
KENT
– O diretor Joe Swanberg confunde filme independente com filme indigente. A
trama nunca chega a despertar qualquer interesse do espectador. Além disso, é
lenta e irritantemente amadora.
Olha "7 Cajas" como melhor filme do ano!!
ResponderExcluirVi muito poucos, tantos dos bons quanto dos ruins e quero muito ver "Azul é a cor mais quente" e "Gata velha ainda mia".
Beijão.
"Azul é a cor mais quente" já tem para baixar, mas não recomendo, dizem que a cópia está ruim, melhor esperar entrar em cartaz aí em Foz ou em DVD. "Gata velha ainda mia" deve ser exibido no Canal Brasil, porque foi produzido pelo Ccanal, qualquer coisa te aviso.
ResponderExcluirE quanto ao "7 caixas"... só agradeço a sua sugestão!
Beijos.