quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Os melhores e os piores de 2013

Vi 450 filmes em 2013, 50 a menos que em 2012. Uma diferença que parece pequena, mas acaba se revelando significativa em termos de qualidade. Foi mais difícil montar a lista de melhores que a de piores, e isso considerando que há muita coisa ruim sendo feita, muito filme ruim vendido como a quintessência da genialidade contemporânea, quando na verdade a maioria é de enganadores que querem ser reconhecidos de qualquer jeito. Alguns desses entraram na relação dos piores. Ou seja, mesmo me arriscando cada vez mais, vendo quase tudo que me cai à frente, acabei sendo agraciado pela sorte e pude descobrir ótimos filmes, alguns deles comentados aqui no blog. E na gangorra do cinema brasileiro, cada ponta foi ocupada por um título respectivo.

OS MELHORES


7 caixas: o melhor do ano é um paraguaio legítimo.
7 CAIXAS – Vem do Paraguai o melhor filme que vi em 2013. Seus grandes trunfos são extraídos de sua simplicidade: é movimentado, divertido, tem ótimos personagens e roteiro redondo. Grande sensação do Festival do Rio, dá aula nos blockbusters norte-americanos. Merece ser conhecido.

GATA VELHA AINDA MIA – Regina Duarte e Bárbara Paz travam um duelo de interpretações nessa comédia de humor negro, estréia em longas de Rafael Primot, a partir de uma peça de teatro de sua autoria (ainda não encenada). Um sopro novo no cinema brasileiro.

A DAMA ENJAULADA – O filme-descoberta em DVD do ano. Uma trama tensa a serviço de um roteiro que permite diversas leituras. O novato James Caan e a veterana Olivia de Havilland se destacam em meio a um elenco homogêneo.

SPRING BREAKERS - GAROTAS PERIGOSAS – Esteticamente criativo, o filme de Harmony Korine se vale de belíssimas imagens para debater a falta de perspectivas da juventude atual. Fotografia digital deslumbrante, sublimando a violência de algumas passagens. Um colírio para retinas fatigadas.

AO SOM DO MAR, À LUZ DO CÉU – Produzido pela ESPN e exibido em quatro partes, este documentário faz mais do que contar a história do futebol de areia no Rio de Janeiro: traça um nostálgico painel de uma época e de uma cidade em plena efervescência dos anos 70 e 80.

UM TIGRE DE PAPEL – Eleito um dos dez melhores filmes latino-americanos dos últimos 20 anos. Documentário que alia a forma ao conteúdo para contar a história sociopolítica e cultural da Colômbia por meio da vida de um artista fictício, Pedro Manrique Figueroa. Brincadeira inteligente realizada de forma original.

OS MISERÁVEIS – É possível que os conhecedores da obra clássica de Victor Hugo torçam o nariz para esta primorosa adaptação musical. Mas a realização é tão notável que fica difícil não ver suas inúmeras qualidades. Grandes momentos e final belíssimo.

OS NOMES DE GESHEN – Um filme israelense que trata de homossexualidade. Só isso já valeria a ousadia do roteiro, que, no entanto, é muito mais. Trata-se de uma bela história de amor em todas as suas formas e da nossa capacidade de aceitação do próximo e de suas diferenças.

AZUL É A COR MAIS QUENTE – Kechiche usa três horas intensas para mapear a radiografia de uma paixão, tendo como fio condutor o amadurecimento afetivo, profissional e pessoal de uma jovem de nossos dias. As cenas de sexo são apenas o tempero de uma história desnorteante.

ODETE – Com requinte narrativo, João Pedro Rodrigues constrói um estudo sobre a solidão, a perenização do amor e sobre como ele é capaz de interligar vidas aparentemente desconexas.

OS PIORES

João Miguel entra pelo cano em Periscópio: o pior do ano.
PERISCÓPIO – Que triste ver o cinema brasileiro encabeçando a lista dos piores do ano. Mais triste ainda é ver João Miguel pagando o maior mico de sua carreira estrelando essa trama que se equilibra entre o ridículo e o irritante do sempre presunçoso Kiko Goifman.

THE MOORING – Um roteiro absolutamente sem sentido, sustentando uma trama sem pé nem cabeça, mero encadeamento de cenas violentas e gratuitas. Elenco péssimo. A roteirista Hallie Todd faz o papel da professora e morre no meio, talvez com vergonha da idiotice que escreveu.

SONAR – Chegou cheio de expectativa no Festival do Rio, mas se revelou mais uma dessas fitinhas supostamente geniais, como há tantas por aí. Praticamente sem história, apenas um tedioso desfilar de cenas que, em alguns casos, beiram o constrangedor.

A HOSPEDEIRA – Um fiasco. O livro de Stephanie Meyer já é de uma chatice ímpar, enrolando uma total falta de assunto por quase 600 páginas. A adaptação não melhora as coisas em nada, a história continua lenta e confusa. Pobre do William Hurt, o que ele ainda tem de fazer para ganhar a vida!

DOCE DE COCO – Produção catarinense de 2008, que ficou inédita no resto do país e só chegou a mim graças à Lei da TV Paga, que favoreceu sua exibição. Mas devia permanecer no limbo. Absolutamente sem graça, ainda prejudicado por um final sombrio, que envereda pela crítica social. Tem uma atriz bonita (Maria Carolina Vieira) e mais nada.

MEU NAMORADO É UM ZUMBI – Uma salada de gêneros (comédia, terror, ficção científica) servida sem qualquer tempero. Houve quem o comparasse à "saga" Crepúsculo, só que o romance de Bella e Edward é uma obra-prima perto desse aqui.

TORTURAS ORGÁSTICAS NA CLÍNICA SATANISTA – O título bizarro do ano. O filme já assusta a partir do título e a realização é muito pior. Brincadeira amadora sem qualquer compromisso com a lógica. Nem as cenas eróticas, que deveriam ser um atrativo, funcionam.

O JOGO DA COELHINHA – Outro filme barato e descartável, feito para chocar, na linha de Um filme sérvio. Praticamente sem enredo, apenas uma longuíssima sessão de tortura. O único "mérito" é a coragem da atriz em se expor, de cabeça raspada e tudo.

OS AMANTES PASSAGEIROS – Almodóvar já havia errado com A pele que habito, seu trabalho anterior, e voltou a decepcionar nesse filme nulo de criatividade, com roteiro preguiçoso que nunca decola e brinda o espectador com cenas constrangedoras. Retrocesso na carreira do mestre.

TIO KENT – O diretor Joe Swanberg confunde filme independente com filme indigente. A trama nunca chega a despertar qualquer interesse do espectador. Além disso, é lenta e irritantemente amadora.

2 comentários:

  1. Olha "7 Cajas" como melhor filme do ano!!

    Vi muito poucos, tantos dos bons quanto dos ruins e quero muito ver "Azul é a cor mais quente" e "Gata velha ainda mia".

    Beijão.

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  2. "Azul é a cor mais quente" já tem para baixar, mas não recomendo, dizem que a cópia está ruim, melhor esperar entrar em cartaz aí em Foz ou em DVD. "Gata velha ainda mia" deve ser exibido no Canal Brasil, porque foi produzido pelo Ccanal, qualquer coisa te aviso.

    E quanto ao "7 caixas"... só agradeço a sua sugestão!

    Beijos.

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