O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA –
Esqueça a trilogia dirigida por Sam Raimi. Esqueça tudo o que você viu até
agora. Nunca existiu. Aqui a história é recontada desde o começo, mostrando
tudo aquilo que já vimos nos filmes anteriores.
A pergunta é: precisava disso?
Hollywood consegue a proeza de refazer um filme ainda recente (a primeira história
é de 2002), só para manter acesa a chama do personagem e, claro, faturar alguns
trocados, já que a indústria não pode morrer. E quando a crise econômica ameaça
invadir as salas de cinema, o que fazer? Reciclar personagens, ou até
franquias, para tentar salvar o ano. Deixar a inteligência de lado, afinal, no
cinema como no mundo real, inovação e inspiração nunca levam a lugar algum. Antes
que me acusem de chato, explico. Não havia necessidade de refazer a saga do
Homem-Aranha. A trilogia (que já era excessiva, dois filmes já se bastavam)
alcançou a rara condição de blockbuster elevado à categoria de arte, graças ao
talento dos envolvidos, em especial Sam
Raimi , um mestre na direção. Até quando a indústria vai
continuar requentando histórias?
Andrew Garfield e Emma Stone (o único
real motivo para se ver a fita) dão vida aos personagens antes defendidos por
Tobey Maguire e Kirsten Dunst. A direção também trocou de mãos e passou para
Mark Webb, o talentoso realizador de 500
dias com ela, que trabalha pela primeira vez com um grande orçamento em seu
batismo de fogo. A essência da história também foi alterada e ganhou um tom
mais adolescente, deixando de lado as inquietações existenciais de Peter Parker
que impulsionaram a força dos roteiros passados. Tudo de olho na platéia
espinhenta que certamente lotará salas e fará a alegria de Hollywood. Ainda no
elenco, o esquecido C. Thomas Howell e ponta de Stan Lee.
HISTÓRIAS QUE SÓ EXISTEM QUANDO
LEMBRADAS – Em uma cidade fantasma do Vale do Paraíba, a rotina de uma padeira,
uma das últimas moradoras do lugar, é abalada pela chegada de uma jovem fotógrafa.
No rastro do Femina, festival internacional de filmes dirigidos por mulheres
(um dos absurdos criados pela ditadura do novo feminismo – afinal, cinema é
arte e arte não tem sexo, há boas e más diretoras, tanto quanto diretores! Para
que um festival só para elas?), chega esta coprodução entre Brasil, Argentina e
França. O roteiro é inspirado no realismo fantástico de García Márquez e Juan
Rulfo, ou seja, só por isso já vale uma conferida atenta. Chega referendado por
uma penca de prêmios em festivais internacionais. Júlia Murat é filha de Lúcia
e faz sua estréia na direção de longas.
Assim, a história já é bem conhecida.
Em uma pequena cidade do interior francês, meninos travam uma guerrinha de
brincadeira em que os vencedores levam como troféu botões da roupa dos
derrotados. Vá a uma locadora e procure a segunda versão, a melhor e mais famosa
(capa acima). Depois, confira as mudanças feitas para esta aqui.
BEAUFORT – Com cinco anos de atraso
(!) chega às salas este drama de guerra rodado em Israel e que foi indicado ao
Oscar de Filme Estrangeiro em 2008. Demorou tanto que já chegou a ser exibido várias
vezes pela TV a cabo. Na verdade, seria melhor defini-lo como uma guerra de
drama, já que o roteiro se concentra na psicologia dos personagens e esquece a
ação. O todo é algo cansativo. Não vale o ingresso. Espere por uma reprise na
TV a cabo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário