HISTÓRIAS DE AMOR DURAM APENAS 90 MINUTOS – Um dos mais premiados roteiristas do país, Paulo Halm faz sua estréia em longas-metragens com esta comédia que conta como o bloqueio criativo de um jovem escritor termina por influenciar sua própria existência. Zeca tem 30 anos e o projeto de escrever um romance, mas nunca consegue passar da página 50. Quando desconfia que sua esposa Júlia o está traindo (e com outra mulher!), seu mundo entra em parafuso. Pede conselhos ao pai, que detesta (Daniel Dantas, que rouba o filme nas duas únicas cenas em que aparece) e acaba se envolvendo com a suposta amante de Júlia (a argentina Luz Cipriota, lindíssima). Interessante como Halm conseguiu realizar um filme tão simples e, ao mesmo tempo, com tantas nuances, mesclando humor rasgado, drama familiar, sensualidade e ousadias, como na cena em que a amante de Zeca o sodomiza com um consolo. Os diálogos entre pai e filho são agressivos, carregados de tensão e ressentimento, e rendem ótimos diálogos, alguns antológicos (“problema com mulher é pleonasmo”). Uma fala de Daniel Dantas levou a platéia ao delírio e rendeu calorosos aplausos. Quando seu personagem faz uma citação de Paulo de Tarso, mas sem identificá-lo, o filho pergunta: “Que Paulo? Paulo Coelho?” E o pai: “E eu lá sou homem de citar Paulo Coelho?” Essencialmente carioca, com locações na Lapa e na praia de Ipanema, tem sua força apoiada nas palavras, em oposição à simplicidade de suas imagens. Confirma o talento de Halm na criação de uma história. Casados na vida real, Caio Blat e Maria Ribeiro dão vida também ao casal na tela.* * *
A TERCEIRA PARTE DO MUNDO – Todos os 104 lugares da pequena sala 3 do Espaço de Cinema estavam ocupados para ver este filme francês que se vendeu como comédia surrealista na sinopse da programação, mas que deve ter decepcionado grande parte de quem o assistiu. Imagine um filme cujo roteiro seja inteiramente apoiado em conceitos da física quântica e da psicanálise. Extremamente pretensioso, com narrativa lenta (e que, para completar, ainda teve problemas com o som, quase inaudível, falha que só foi ajustada depois de 20 minutos de projeção), parece ter sido realizado apenas para que o diretor Eric Forestier demonstrasse sua genialidade e intelectualidade. Acaba sendo um exercício de difícil assimilação, para poucos iniciados nas duas ciências. Numa palavra simples: chato. Atenção para a cantada mais absurda da história, em que um homem seduz uma mulher perguntando se ela sabe o que é entropia!
SEDE DE SANGUE – O que houve com Chan Wook-Park? Onde foi parar o diretor que chamou a atenção do mundo com o espetacular Oldboy, em 2004? Não é possível que seja o mesmo que realizou essa aborrecida comédia de terror sobre um padre que se torna vampiro e luta pelo amor da mulher por quem é apaixonado. O fato é que o diretor já errou em seu trabalho anterior, I’m a cyborg, but that’s ok, exibido no Festival do Rio de 2007 e nunca lançado por aqui. Agora, tentou trilhar um outro caminho e fracassou. Excessivamente longo (tem 133 minutos), por vezes parece interminável, com trama confusa e violência de desenho animado. Lembra por vezes uma sátira aos filmes norte-americanos do gênero, com personagens que voam sobre casas e telhados depois de serem infectados por um misterioso vírus. Acho que ficamos mal-acostumados com Chan Wook-Park e esperamos que ele sempre nos traga um novo filme genial. Não é preciso. Mas fica aquela impressão de que o diretor é mais um a sofrer da “Síndrome do Sexto Sentido”, ou seja, é aclamado por um único trabalho e depois se perde em produções ridículas. A julgar pela reação da platéia após a exibição, com muitos comentários desabonadores, é de se imaginar se sua fama vai conseguir resistir pelos próximos festivais. * *
A TERCEIRA PARTE DO MUNDO – Todos os 104 lugares da pequena sala 3 do Espaço de Cinema estavam ocupados para ver este filme francês que se vendeu como comédia surrealista na sinopse da programação, mas que deve ter decepcionado grande parte de quem o assistiu. Imagine um filme cujo roteiro seja inteiramente apoiado em conceitos da física quântica e da psicanálise. Extremamente pretensioso, com narrativa lenta (e que, para completar, ainda teve problemas com o som, quase inaudível, falha que só foi ajustada depois de 20 minutos de projeção), parece ter sido realizado apenas para que o diretor Eric Forestier demonstrasse sua genialidade e intelectualidade. Acaba sendo um exercício de difícil assimilação, para poucos iniciados nas duas ciências. Numa palavra simples: chato. Atenção para a cantada mais absurda da história, em que um homem seduz uma mulher perguntando se ela sabe o que é entropia!
SEDE DE SANGUE – O que houve com Chan Wook-Park? Onde foi parar o diretor que chamou a atenção do mundo com o espetacular Oldboy, em 2004? Não é possível que seja o mesmo que realizou essa aborrecida comédia de terror sobre um padre que se torna vampiro e luta pelo amor da mulher por quem é apaixonado. O fato é que o diretor já errou em seu trabalho anterior, I’m a cyborg, but that’s ok, exibido no Festival do Rio de 2007 e nunca lançado por aqui. Agora, tentou trilhar um outro caminho e fracassou. Excessivamente longo (tem 133 minutos), por vezes parece interminável, com trama confusa e violência de desenho animado. Lembra por vezes uma sátira aos filmes norte-americanos do gênero, com personagens que voam sobre casas e telhados depois de serem infectados por um misterioso vírus. Acho que ficamos mal-acostumados com Chan Wook-Park e esperamos que ele sempre nos traga um novo filme genial. Não é preciso. Mas fica aquela impressão de que o diretor é mais um a sofrer da “Síndrome do Sexto Sentido”, ou seja, é aclamado por um único trabalho e depois se perde em produções ridículas. A julgar pela reação da platéia após a exibição, com muitos comentários desabonadores, é de se imaginar se sua fama vai conseguir resistir pelos próximos festivais. * *
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