segunda-feira, 30 de abril de 2012

Confissões de um seriemaníaco - I


Alguém já disse que as séries de TV são a novela do século XXI. Se isso é verdade, então sou um noveleiro de primeira linha. Gosto muito, acompanho várias ao mesmo tempo, baixo episódios da internet quando não consigo ver na televisão. Bem que tento me segurar, mas não consigo. É um vício insanável. E, se analisarmos bem, as séries de TV hoje estão em nível bem melhor que o cinema norte-americano. O que se comprova com a migração de alguns astros e estrelas da sétima arte para o universo televisivo – Dustin Hoffman, Nick Nolte, Anjelica Houston, por exemplo, dão expediente na telinha. Hoje inicio uma leva (eu ia escrever “série”, mas seria um trocadilho muito idiota) de artigos e colunas abordando as séries que assisto – leva que pode aumentar gradativamente, à medida que eu for descobrindo outras atrações e me tornando fiel a elas.

ALCATRAZ
Onde e quando: Warner, primeira temporada encerrada.
Estrelas: Sarah Jones, Jorge García e Sam Neill.
Sinopse: No dia 21 de março de 1963, a prisão de Alcatraz foi oficialmente fechada. Os 306 prisioneiros que lá cumpriam pena deveriam ser transferidos para outras unidades carcerárias, mas desapareceram no trajeto, junto com os guardas que os escoltavam. Cinqüenta anos depois, eles começam a reaparecer, um por um, praticando os mesmos delitos de antes. Com um detalhe intrigante: têm a mesma aparência, como se o tempo nunca tivesse passado. Uma policial investiga o mistério, tendo como ajudante um professor nerd.



Por que ver: A mesma turma que fez Lost voltou a se reunir na tentativa de reeditar aquele sucesso: J.J. Abrams na criação da idéia, Jack Bender na direção de alguns episódios e Elizabeth Sarnoff produzindo. Ou seja, a série já nasceu com selo de qualidade. Também reeditaram a parceria com o gorducho García, inclusive conferindo-lhe um personagem com certas semelhanças ao seu inesquecível Hurley. Tudo isso facilita a empatia por parte do público, que acompanha a série como se estivesse reencontrando velhos amigos. O ponto de partida é original e deixa no ar a pergunta: o que, afinal, aconteceu naquele dia? A cada semana, novas revelações vão sendo feitas, mantendo o clima de suspense e tensão o tempo todo. Ótima fotografia em tons escuro-azulados realça o clima sombrio da narrativa.
Por que não ver: Por mais que tentem, vai ser difícil criar um novo Lost, como foi a intenção inicial dos envolvidos no projeto. Alcatraz é bem-intencionada em relação a isso, mas é só. O mistério até se sustenta, mas as explicações ficam longe das teorias conspiratórias que faziam o sucesso daquela série. Além disso, erraram ao dar a Jorge García um personagem muito semelhante ao Hurley, no caso, aqui, ele é um professor fanático por cultura pop (curte games e quadrinhos) que acaba sendo envolvido na investigação, já que teria escrito um livro sobre a ilha de Alcatraz anos antes. Os produtores devem ter percebido esse erro de composição e atenuaram algumas de suas características pouco depois de a série começar, certamente por rejeição do público. A estrutura narrativa repetitiva também cansa: primeiro, apresenta-se o criminoso nos anos 60, corta para o tempo atual e dá-se início à busca para prendê-lo. Com tudo isso, Alcatraz não é ruim. Dá para ver, gostar e até acompanhar com interesse. Mas não sai da escotilha.

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